Rede Yunus, fundada por Nobel da Paz, chega a BH e busca projetos inovadores

Giulia Mendes
gandrade@hojeemdia.com.br
23/04/2016 às 20:55.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:05
 ( WESLEY RODRIGUES)

( WESLEY RODRIGUES)

Ganhar muito dinheiro já não é sinônimo de sucesso para muita gente. O empreendedorismo social, que não visa somente o lucro, tem crescido entre jovens do Brasil. Cerca de 83% dos chamados millennials, nascidos após 1982, se preocupam em ter um carreira que cause impacto social, segundo pesquisa da consultoria Deloitte.

Em busca de pessoas como essas, a rede Yunus Brasil, fundada pelo economista e Nobel da paz bengali (Bangladesh) Muhammad Yunus, desembarcou em Minas Gerais, este ano. A organização busca ideias que possam transformar a realidade da população.

Os projetos são selecionados para receber capacitação e investimentos de empresas interessadas em apoiar este tipo de negócio, explica a gestora da Yunus no Estado, Gabriela Reis.

“A Yunus começou em São Paulo, mas este ano passou a atuar em outros estados. Em Minas já estamos buscando negócios para acelerar. O principal desafio é encontrar empresas que estão no ponto ou ainda precisam amadurecer um pouco para conseguir apoio e se firmar no mercado. E depois fazer essa ponte entre os empreendedores sociais e a iniciativa privada”.

Apoio

Segundo Gabriela, o evento de inauguração dos trabalhos da Yunus em Minas será realizado no fim deste mês no Guaja Coworking, em Belo Horizonte, mais novo apoiador da rede. O espaço compartilhado de trabalho, recém lançado na capital, incentiva iniciativas no campo da economia criativa. “Agora estamos buscando outras empresas e universidades parceiras para ajudar no desenvolvimento dos negócios sociais”, contou.

Lucro

O negócio social é uma empresa como outra qualquer, que lucra para pagar as contas e fazer com que a empresa se sustente. “A diferença é que o objetivo principal é causar algum tipo de transformação social. Neste tipo de negócio, todo lucro captado é reinvestido para impactar sempre mais pessoas e causar uma transformação maior”, destacou Gabriela.

Ao contrário do que se possa pensar, ela garante que os empreendedores sociais têm bons salários, compatíveis com o mercado. “As pessoas têm que tirar da cabeça a ideia de que quem trabalha com o social ganha mal. O negócio social não visa o lucro, mas gerando lucro é possível atrair mais investidores, pagar melhor os funcionários e ajudar com muito mais força as áreas mais necessitadas”.

A própria rede Yunus funciona no mesmo modelo dos empreendimentos que acelera. A organização é considerada um negócio social, portanto se mantém com financiamento de investidores.

A rede também realiza parcerias com universidades, onde os gestores ministram cursos e workshops pagos.


Foco em pessoas de baixa renda

 Saúde, educação, serviços financeiros, transporte e moradia são as principais áreas de atuação do empreendedorismo social. Sempre com foco na população de baixa renda.

Um exemplo que deu certo no Brasil é a Saladorama – empresa onde moradores de comunidades do Rio de Janeiro produzem saladas com ingredientes frescos, que são entregues em toda a cidade.

Criado no ano passado pelo empreendedor Hamilton Santos, o negócio, que foi acelerado pela Yunus, já se espalhou para outras cidades brasileiras.
“A ideia surgiu quando ele constatou que dentro da comunidade onde vive muitas pessoas tinham sobrepeso. A iniciativa, além de incentivar a alimentação saudável, gera renda e mudanças sociais nas comunidades cariocas. A ideia já se expandiu e tem filial em Niterói e Recife”, disse Gabriela Reis, gestora da Yunus em Minas.

Luz contra bactérias

Na capital pernambucana, a organização descobriu também a startup de biotecnologia Azuluz. O negócio foi criado pelo estudante de engenharia Caio Guimarães, da Universidade de Pernambuco, que encontrou uma forma de substituir antibióticos por luz no tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes.

“A empresa descobriu uma forma de matar essas bactérias por um preço acessível, o que pode diminuir e até acabar com a infecção hospitalar”, ressaltou Gabriela.

Guimarães desenvolveu uma espécie de lanterna portátil, com lâmpadas calibradas para irradiar uma frequência exata de luz, que é visível e sem efeitos colaterais para o paciente. Também criou uma microagulha biodegradável para guiar a luz da fonte externa para dentro dos tecidos humanos.

Grandes empresas

A partir deste mês, a Yunus vai selecionar também grandes companhias para criar negócios sociais no Brasil. A rede quer fomentar iniciativas como a Grameen-Danone, um dos maiores negócios sociais no mundo, que tem como missão combater a desnutrição.
 

  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por