‘Acima das Nuvens’ com Juliette Binoche e Kristen Stewart tem a marca de Assayas

Hoje em Dia
01/06/2015 às 08:57.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:18
 (DIVULGAÇÃO)

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A própria escolha das atrizes protagonistas de “Acima das Nuvens”, de Olivier Assayas, já diz muito sobre ao que o espectador vai assistir: Juliette Binoche e Kristen Stewart. A atriz veterana francesa estaria ali meio que representando seu continente, em contraponto ao novo, representado pela americana, que ganhou fama como Bella na franquia “Crepúsculo”.

Uma outra jovem atriz também no filme, que pode ser alugado agora, por quem não pôde assisti-lo nos cinemas: Chloë Grace Moretz (“Hugo Cabret” como credencial).
Aos personagens: como Maria Enders, Binoche vive uma atriz na meia-idade (na vida real, ela tem 51 anos) que se vê convidada por um jovem diretor para um remake de um dos grandes trunfos de sua carreira. A questão é que, agora, o papel que lhe coube anos atrás será entregue a Jo-Ann Ellis (Mortez), jovem intempestiva, cujo cartão de visitas é um filme aos moldes dos que Hollywood já lançou às dezenas – alguém aí se lembrou de “Crepúsculo”?

A princípio, Jo-Ann assume a postura da jovem em estado de graça por contracenar com um mito do cinema de arte, mas, pouco depois, podemos detectar um não sei o quê de arrogância ao refutar o conselho que a veterana tenta lhe dar na composição do papel que um dia encarnou.

Fenômeno

Em pouco tempo, a relação entre Maria e sua assistente (Stewart, muito bem na fita) também começa a degringolar, principalmente quando a moça se irrita ao ver suas opiniões diminuídas pela “patroa”, que também passa a controlar a vida pessoal da garota.

Em meio a esse panorama, há um emblemático fenômeno climático restrito à região da Suíça na qual a ação transcorre, ao qual Maria e a assistente tentam presenciar apesar do tour de force que se exige para tal. Uma intempérie muito similar à própria vida.

‘Relatos Selvagens’ aborda situações limítrofes do ser humano

Acredite, depois de assistir a “Relatos Selvagens”, ninguém mais vai ouvir “Lady, Lady, Lady”, com Joe Esposito, impassível. A música (da trilha de “Flashdance”, aliás) pauta um dos tais relatos – o filme de Damián Szifrón, que chega agora às locadoras, como se sabe, é dividido em episódios. Aliás, ficou famoso o que abre “os trabalhos”, por ter sido relacionado a uma tragédia aérea recente (como pode ser que alguém não tenho lido o que fez com que essa ficção fosse evocada em várias reportagens, melhor parar por aqui).

Alinhavando os “capítulos” está a selvageria que está ali, hipoteticamente dentro de qualquer ser humano, latente. Basta um botão para acioná-la num dia qualquer, que pode se iniciar da forma mais pacífica possível. Talvez seja exatamente por isso que o feixe de histórias aqui reunidas tenha reverberado tanto em tanta gente.

Na pele da vítima

Claro, estamos falando de personagens que representam seres humanos em situações limítrofes. Mas é quase impossível, ao espectador, não entrar no jogo de se colocar no lugar da noiva que se descobre traída em meio à festa de seu enlace (com a “cereja do bolo” de a rival estar logo ali, à sua frente), ou do motorista que, insultado com requintes de expressões politicamente incorretas pelo riquinho que, a bordo de seu possante, se vê impedido por uma carroça velha; logo depois se depara com o mesmo carro, agora parado na estrada.

Bombita, o personagem entregue a Ricardo Dárin, é outro que é submetido a uma série de situações estressantes num curto intervalo – e veja que o cidadão estava apenas tentando resgatar a encomenda de um prosaico bolo de aniversário.

Mesmo levadas ao limite nessa investida ficcional, não raro nos deparamos com situações similares nas páginas dos periódicos – como pais que tentam proteger filhos assassinos ao volante. Sinal de que há traços de bárbarie ainda muito mal domados por muita gente com as quais costumamos cruzar por aí. E que estão a ponto de explodir.

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