Eleição da Comissão Especial no Senado terá disputa acirrada

Da Redação*
primeiroplano@hojeemdia.com.br
22/04/2016 às 15:20.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:04
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A eleição dos membros da Comissão Especial de Impeachment do Senado, na próxima segunda-feira, que vai elaborar o relatório sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, será marcada por uma disputa acirrada.

A indicação na última quarta-feira dos nomes dos senadores Raimundo Lira, do PMDB da Paraíba, e de Antônio Anastasia, do PSDB de Minas, para serem presidente e relator, respectivamente, desagradou a base governista.

Os líderes dos blocos partidários concluíram ontem as indicações dos 42 integrantes da comissão no Senado. O PT confirmou suas principais lideranças como titulares que irão defender Dilma no colegiado: Lindbergh Farias (RJ), Gleisi Hoffmann (PR) e José Pimentel (CE).

A suplência ficará a cargo de Humberto Costa (PE), Fátima Bezerra (RN) e João Capiberibe (AP).

Os três petistas junto com Telmário Mota (PDT-RR), indicados pelo bloco do governo, e a senadora Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) são os únicos cinco integrantes da comissão, composta por 21 membros, que se declaram abertamente contrários ao impeachment.

Considerando os 21 titulares e 21 suplentes, conforme o Placar do Impeachment, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, 70% deles já se declararam favoráveis ao impedimento da presidente. 

A indicação de Anastasia para a relatoria da comissão tem causado indignação no PT, que ameaça recorrer à Justiça. O partido argumenta que possui direito à vaga por também ter 11 senadores, assim como o PSDB.

Prazo

Depois de instalada a comissão e eleitos o presidente e relator, o colegiado deverá apresentar, em até dez dias, um parecer sobre a admissibilidade do impeachment que será levado ao plenário.

Se o relatório for pela continuidade do processo e aprovado por maioria simples dos senadores, a presidente Dilma Rousseff será imediatamente afastada do cargo pelo prazo de até 180 dias.

A partir daí, o processo retornará para a comissão especial, que vai analisar se Dilma cometeu crime de responsabilidade e se deve ter o mandato definitivamente cassado.

Se for realmente eleito na segunda-feira para a presidência da comissão, Lira já afirmou que terá uma conduta suprapartidária. “Minha intenção é usar o prazo máximo permitido pelo rito”, disse.Frederico Haikal / Hoje em Dia

Senador mineiro Antonio Anastasia foi indicado pelo PSDB para ser o relator da Comissão Especial de Impeachment

Cunha tenta apoio de Temer para se livrar da cassação

Enquanto o Senado se dedica a julgar a presidente Dilma Rousseff, a Câmara dos Deputados ficará parada nesse período, mesmo sob protesto de parlamentares.

O presidente Eduardo Cunha (PMDB) nega, mas manobra nos bastidores para que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) o ajude a escapar da cassação e também para que o presidente do Senado, Renan Calheiros, agilize o processo do impeachment para derrubar a presidente.

“Vai ter muita gente que vai estar sintonizada com o desejo do Cunha de parar tudo e esperar o impeachment. Aí fica claro que a causa dele não é para o país, é vingança”, criticou o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), um dos maiores adversários do peemedebista.

Em nota, Cunha argumentou que a pauta da Câmara pode parar por vontade da maioria dos deputados e não por vontade dele.

Em entrevistas no início desta semana, Cunha afirmou que “dificilmente” a Câmara votará projetos enquanto o Senado estiver decidindo se aceita a denúncia que pode levar ao afastamento de Dilma por até 180 dias. Para o peemedebista, o governo “deixou de existir” para os deputados.

Depois de ser alvo de críticas, a assessoria da presidência da Câmara divulgou nota, afirmando que o presidente não havia dito que iria paralisar os trabalhos. “Eu, como presidente, vou colocar a pauta para votar, os partidos é que vão decidir”, afirma.

No entanto, na prática, os trabalhos estão paralisados. As comissões, por exemplo, ainda não foram formadas. Júlio Delgado destaca que elas deveriam ter sido constituídas em fevereiro ou março, mas isso não ocorreu, o que tem atrapalhado a atuação dos parlamentares.

Anistia

Logo após a aprovação da denúncia contra Dilma na Câmara, alguns deputados fiéis escudeiros de Cunha disseram que ele deveria ser anistiado, por ter alcançado esse objetivo.

*Com Bruno MorenoEditoria de Arte

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