"A hora é agora": especialista alerta consumidor para aumento de imposto

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
13/12/2014 às 10:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:22
 (WESLEY RODRIGUES)

(WESLEY RODRIGUES)

Quem trocou de carro nos últimos anos se acostumou com as idas e vindas da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). Este ano o regalo do Governo tem sido postergado mediante pedidos dos fabricantes, que diante de um cenário econômico instável, dificuldades de aprovação de crédito e o fator Copa do Mundo prejudicaram o desempenho do setor no varejo. Para o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Camilo Lucian, o consumidor que quiser comprar ou trocar de carro deve aproveitar o final de ano para comprar melhor, aproveitando promoções, liquidações de estoques e o restante das unidades faturadas com o benefício tributário.   Com o ano chegando ao fim e com as metas a serem batidas, a hora é boa para fazer negócio?   CAMILO LUCIAN - Tivemos um ano difícil, com eventos como a Copa do Mundo e problemas econômicos que impactaram nas vendas que foram inferiores ao ano de 2013, que por sua vez não foi um ano muito bom. No mês passado tivemos uma queda de quase 5% no varejo. Diante disso, o estoques estão altos e temos que desová-los, tanto os concessionários quantos fabricantes, já que são modelos 14/15 e por estarmos no prazo final da isenção do IPI, que retorna com alíquota integral em janeiro, que, para o consumidor corresponde a aumento de preço. Dessa forma, quem estava esperando um momento para comprar um carro novo deve aproveitar estas semanas, pois haverá ações e condições bastante interessantes para o consumidor.   Com o IPI reduzido o consumidor já está inseguro, com o retorno ele não vai ficar ainda mais desestimulado?   CL - Temos debatido muito sobre isso, tanto que a Fenabrave (associação dos concessionários) e Anfavea (associação das montadoras) têm tentado negociar com o governo, que se mostra inflexível em prolongar a redução do imposto. Na verdade, o benefício era para ter sido finalizado e foi postergado para o final deste mês. Então, até o momento, a posição que nós temos é de que não haverá renovação.   E qual é o impacto no bolso do consumidor?   CL -Depende da alíquota em que o automóvel se enquadra, já que o IPI praticado no carro popular é menor do que o adotado em automóveis de maior cilindrada. Mas podemos esperar um aumento de preço na ordem de 2 a 5%.   Então 2015 esboça sinais de que será um ano difícil?   CL - Em nossas palestras e conversas com pessoas do setor como montadoras e entidades de classe, a expectativa é que iremos repetir o mesmo desempenho de 2014. Um bom sinal é que os fabricantes estão trabalhando com os mesmos volumes que foram programados para esse ano, com exceção de algumas marcas que terão lançamentos como a Honda com o H-RV, em que esses produtos irão somar ao volume inicial.   Diante dessa expectativa, a hipótese de um desaquecimento acentuado que poderia acarretar em redução de volume e falta de produtos na praça está descartada?   CL - Produto aparentemente não vai faltar. Só se acontecer algum fato novo e inesperado que puxe a demanda. Daí as montadoras deverão ter adequar a produção.   E o que tem sido feito para tornar o negócio mais atrativo para quem quer comprar carro?   CL - Temos esperança de que a nova equipe econômica que assumirá no início de 2015 apresente medidas e soluções para retomar o aquecimento da economia e estimular o mercado, como novos incentivos e medidas que irão garantir melhores condições para o consumidor.    Por que o carro brasileiro é tão caro?   CL - O carro brasileiro não é caro. Caros são os impostos aplicados nos automóveis. A carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo, que corresponde a quase 50% do preço do automóvel na loja. Ou seja, metade do valor é imposto.   E qual seria um percentual de tributação ideal? Já que valores mais baixos acarretariam aumento de demanda e maior volume, que poderia vir a suprir a arrecadação?   CL - Temos exemplos de mercados desenvolvidos em que a carga tributária é quase a metade da nossa. Basta comparar a diferença de preço de um modelo global vendidos aqui e nos Estados Unidos. São basicamente o mesmo produto, mas com preços muito mais acessíveis por lá.   O negócio está difícil tanto para quem vende quanto para quem compra?   CL - Este ano o mercado foi muito difícil, pois a redução da oferta de crédito e a dificuldade de aprovação tem prejudicado. Há casos de revendas que tem 70% dos pedidos de financiamentos negados. Somado a isso, o consumidor também convive com um aumento da taxa de juros, que compromete a segurança dele em fechar um negócio, além da instabilidade do brasileiro e medo da perda do emprego que acabam distanciando o desejo da realidade de comprar um automóvel. Mas a hora para trocar ou comprar um carro novo é agora, em virtude das promoções e também do restante da unidades com IPI reduzido. Quem comprar agora vai fazer negócio bem melhor que daqui a três meses.

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