Empresas receberam R$ 11,4 bilhões do governo federal

Agência Folhapress
18/11/2014 às 07:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:03
 (DIDA SAMPAIO)

(DIDA SAMPAIO)

As nove empresas alvo da Operação “Lava Jato”, suspeitas de participar de um esquema de pagamento de propina a diretores da Petrobras, receberam R$ 11,4 bilhões do governo federal nos últimos 11 anos. O levantamento, feito pelo portal “Contas Abertas”, focou nos gastos diretos do Executivo, por meio do Orçamento da União. Ou seja, não entram na conta estatais, autarquias e empresas públicas, por exemplo.

O montante foi pago, entre 2004 e 2014, às empreiteiras Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, UTC, Engevix, Iesa, Mendes Junior e Galvão Engenharia. Só a Queiroz Galvão e Odebrecht receberam, juntas, 57,1% dos R$ 11,4 bilhões. Cada uma delas levou R$ 3,2 bilhões nesse período, de acordo com o “Contas Abertas”.

Logo atrás, a Camargo Corrêa foi beneficiada com R$ 1,9 bilhão. A Galvão Engenharia recebeu R$ 1,2 bilhão, seguida por Mendes Junior (R$ 861,3 milhões); OAS (R$ 775,7 milhões); Engevix (R$ 122,6 milhões); Iesa (R$ 71,4 milhões).

“Tranquilíssimo”

O presidente interino Michel Temer (PMDB), afirmou nessa segunda-feira (17) que o governo está “tranquilíssimo” com as recentes investigações da “Lava Jato” e que as prisões de presidentes das empreiteiras não podem ser usadas para paralisar as obras contratadas junto ao governo federal. “Tranquilíssimo. Não apenas tranquilo como incentivando (as investigações)”, disse Temer ao sair do seminário pelo Pacto da Boa Governança, promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília. Você sabe que tem a competência da Polícia Federal de um lado, o Ministério Público de outro, e o Congresso Nacional fazendo sua parte com a CPI, de modo que o governo está tranquilíssimo. Todas as palavras da presidenta e de todos os órgãos do governo são no sentido de incentivar as investigações”, acrescentou.

Para Temer, as recentes investigações não comprometerão a gestão da presidente da Petrobras, Graça Foster, e não devem ser motivo para paralisar as obras em andamento sob responsabilidade das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção.

No entanto, o vice-presidente indicou que a presidente Dilma Rousseff pode mudar a diretoria da estatal, inclusive demitindo a presidente Graça Foster. “Certamente Dilma fará deliberações sobre isso no final do ano em relação a essa matéria”, disse.

Segundo Temer, o que pode acontecer daqui para frente é uma repactuação nos contratos das grandes obras no país. Isso significaria reavaliar os contratos e identificar o que foi pago a mais. As empresas teriam que devolver o montante para o governo mas poderiam continuar administrando as obras.

Também presidente nacional do PMDB, Temer voltou a negar que Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, seja o operador do partido no esquema articulado dentro da Petrobras. “Ele não tinha relação nenhuma com o PMDB. Ele pode ter relação eventualmente com um ou outro membro do PMDB mas institucionalmente jamais houve qualquer operador do partido”, disse.

A Polícia Federal apura a ligação de Fernando Soares com a Transpetro, subsidiária da empresa estatal no setor de navios. O suposto operador teve a prisão decretada, mas está foragido.

Estatal buscará ressarcimento

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, disse nessa segunda que estuda medidas jurídicas para o ressarcimento de “recursos desviados, eventuais sobrepreços e para o ressarcimento dos danos à imagem da companhia”.

As investigações da Polícia Federal indicam que recursos a título de propina foram pagos a diretores e políticos por empreiteiras, em troca de contratos com a petrolífera.

“Onde houver prejuízo vamos buscar (ressarcimento desses prejuizos), para que haja reforço no caixa da companhia”, frisou a executiva.

“Temos sido bastante cobrados, para buscar receber de volta aquilo que pagamos além do normal, do previsto e do razoável”, frisou . Auditorias externas foram contratadas para investigar o impacto de eventuais ilícitos.

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