A pane elétrica que danificou 230 amostras de DNA do Instituto de Criminalística (IC), no bairro Barro Preto, na região Centro-Sul, de Belo Horizonte, no último fim de semana, foi alertado pela diretoria do local em maio deste ano. Nesta quarta-feira (18), a Polícia Civil abriu um procedimento para apurar a falha. Dois peritos da corporação avaliam se é possível recuperar alguma parte do material genético. A precariedade das instalações já havia sido denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) à Corregedoria da corporação em julho deste ano. A queda de energia ocorreu no sábado (15), mas só foi descoberta na segunda-feira (17). Dois peritos analisam agora as amostras de sangue, vísceras, ossadas e dentes para ver o que foi perdido. "Estamos fazendo o levantamento desse material biológico, para sabermos quais ficaram comprometidos e os que ainda poderão ser utilizados quando requisitados pela Justiça", explicou o diretor do IC, Marco Antônio Paiva. Segundo ele, caso fique comprovada a perda de amostras, algumas investigações de crimes podem ficar comprometidas. "Vamos requisitar ao Judiciário informações sobre cada caso correspondente à amostra armazenada, pois não sabemos quais casos foram encerrados e os que ainda estão em processo de investigação", frisou Paiva. O material biológico contido no freezer era relacionado a casos de violência sexual, homicídios e pessoas desaparecidas. A precariedade nas instalações do laboratório de perícia dava sinais de que o material de investigação poderia ser perdido na unidade. "Não há espaço dentro dos laboratórios e tudo é improvisado", disse um funcionário, que pediu para não ser identificado. Segundo o diretor do IC, somente neste ano foram formalizados nove pedidos de reforma no prédio e na rede elétrica dos laboratórios. Para se ter uma ideia do péssimo estado do prédio, em um dos corredores de acesso aos laboratórios existem dez refrigeradores, onde estão armazenadas 4 mil amostras genéticas. O documento entregue à Corregedoria aponta estrutura precária do prédio, falta de equipamentos para manuseio do material genético, além da escassez de peritos. Em nota, a Polícia Civil informou que o pedido de reparo na rede elétrica não foi enviado para a chefia da Polícia Civil, mas sim para uma das unidades da Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças. Segundo a assessoria de imprensa, a Corregedoria apura o que ocorreu para que o pedido não fosse atendido. O Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais foi criado em 1992. Em todo o Estado são 581 peritos, sendo 140 na capital, responsáveis pela identificação de amostras biológicas de crimes relacionados a estupros, homicídios e casos de desaparecimento de pessoas. No laboratório do instituto em BH ficam armazenadas amostras de sangue, pele, vísceras, ossadas e arcada dentária enviadas de todo o Estado.