Polícia conclui investigação sobre assassinato de jovem em boate em Contagem

Álvaro Castro
acastro@hojeemdia.com.br
20/04/2016 às 15:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:02
 (Guilherme Bergamini/ALMG)

(Guilherme Bergamini/ALMG)

O inquérito que investiga a morte de Cristiano Guimarães do Nascimento, de 22 anos, assassinado na madrugada do dia 7 de abril na porta de uma boate em Contagem, região Metropolitana de Belo Horizonte, foi concluído na última sexta-feira (15). A confirmação é do delegado titular do caso, Alexandre Oliveira da Fonseca que esteve presente em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de MInas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (20).

O delegado ressaltou que tudo indica que o crime decorreu-se de uma discussão na fila de pagamento da boate, quando Cristiano teria reclamado dos policiais que teriam tentado furar a fila. Segundo Oliveira, o espaço entre a discussão e a morte do jovem foi de 13 minutos. A investigação segue agora para a Promotoria de Justiça.

"As provas são inquestionáveis e já são pré-condenatórias, não há a menor dúvida sobre a autoria. As imagens obtidas falam por si só, demonstram a autoria e a dinâmica do crime. É uma pena a gente não ter 100% de convicção quanto a motivação, mas temos algumas certezas sobre algumas circunstâncias. Eles mal se conheciam. Ao vermos as imagens quando eles se cruzam na boate não há nada que indica problemas entre eles. O espaço temporal entre o planejamento e execução é de 13 minutos, o que indica que realmente o problema foi na hora de pagar a conta.

Temos um testemunho de que eles teriam tentado furar a fila e logo se identificaram como policiais. Ele (Cristiano) começou a reclamar da postura deles e essa afronta culminou com a morte", explicou Alexandre.

Estiveram presentes na ALMG  familiares e amigos da vítima, entre eles o pai e o irmão Álvaro Nascimento e Fabiano Guimarães do Nascimento, que cobraram a expulsão e punição dos dois soldados do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), que foram identificados como autores do espancamento do jovem, além de um terceiro agressor, que está foragido.

“Meu filho não brigou, ele apanhou até morrer”, indignou-se o pai, que cobrou a expulsão e prisão dos policiais envolvidos, para que a população continue a ter respeito pela Polícia Militar. Álvaro Nascimento também disse que espera que ações sejam feitas pelos órgãos públicos para promover a segurança em locais de entretenimento, como numa boate. “Eu preciso de apoio, carinho, afeto, mas é um afeto de correr atrás e defender essa causa. E vocês tem tudo para fazer isso”, afirmou Álvaro Nascimento.

Testemunha dos fatos, Frederico Ferreira, disse que o crime foi brutal e covarde e que ele e um amigo tentaram intervir, mas estavam lidando com pessoas treinadas para bater. “Queremos Justiça porque o modo como foi a sociedade não pode aceitar de acontecer novamente”, lamentou Frederico ao lembrar que policiais treinados deveriam proteger os cidadãos.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cristiano Silveira, espera que, no rigor da lei, sob as circunstâncias e tipificação do crime, os autores cumpram e respondam por seus atos. “Nosso papel será acompanhar os desdobramentos, para garantia de punição”, disse Cristiano que ressaltou que não pode chamar os envolvidos de policiais, mas criminosos. “Aqui precisamos aprimorar as leis, para garantir que circunstâncias como essa não ocorram mais. Fazer com que não tenha sido em vão. Esse deve ser o nosso objetivo e compromisso”, completou o parlamentar.

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