Marcação cerrada contra a asma reduz ida de crianças a hospitais

Ana Paula Lima - Hoje em Dia
28/07/2014 às 08:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:33
 (Carlos Rhienk)

(Carlos Rhienk)

Ensinar o beabá da asma às mães pode ser o caminho mais rápido e eficaz para que crianças com a doença fiquem longe do hospital. Foi o que descobriram médicos e enfermeiros envolvidos em um projeto para a prevenção de crises em pequenos pacientes.

Desde que começaram a acompanhar meninos e meninas com o diagnóstico e a orientar os adultos responsáveis por eles, viram cair em 26% a procura pelo pronto-atendimento e em 76% as internações por infecção aguda em vias aéreas.

Os resultados foram observados na unidade da Unimed-BH em Contagem. Mas tudo indica que não seriam muito diferentes se a mesma iniciativa fosse adotada em outros serviços de saúde.

“É que a maioria dos pais simplesmente ignora como evitar que o quadro do filho se agrave”, diz a pediatra Norma Tresinari. A falta de informação, completa a médica, independe da classe social da família.

No foco

A asma “ganhou” um programa ambulatorial específico após um levantamento mostrar que era o motivo de vários pacientes irem com frequência ao pronto-atendimento da Unimed em Contagem. Situação que parecia ser contornável. “A doença é crônica, sem cura, mas existe controle”, explica Norma.

A saída foi convidar os pais a levar os filhos à unidade para receber acompanhamento profissional contínuo, e não apenas o socorro na hora do aperto. “A maioria das crianças que chegavam com crise aguda – tosse, cansaço, dificuldade para respirar – não fazia monitoramento com pediatra nem pneumologista”, diz a médica.

Então, era comum serem medicadas e até internadas se houvesse necessidade, mas o acolhimento terminava assim que o paciente ia embora. Na primeira recaída, entretanto, ele voltava ao hospital.

Informação

Há dois tipos de medicação para a asma: para prevenir e para tratar os quadros agudos. Mas muitas mães hoje integradas ao programa sequer sabiam disso, diz a pediatra Norma. Algumas esperavam que a crise passasse espontaneamente e demoravam dias para buscar ajuda médica, agravando a situação do filho e expondo-o ao risco de morte.

Agora, as crianças cadastradas passam por consultas médicas periódicas: uma vez por mês ou a cada 60 dias, de acordo com o caso. A rotina permite ao médico monitorar a frequência das crises, classificar se a forma da doença é leve, moderada ou grave e definir qual remédio prescrever.

Após o exame, pais e filhos ainda se encontram com enfermeiros. Com eles, aprendem a manipular as bombinhas, como agir numa situação de emergência e até a limpar a casa da melhor maneira para evitar que a asma ataque. “Perdi a conta das vezes em que fui ao hospital com o Daniel, de madrugada, por causa da tosse que não parava”, diz Lílian Silva Rodrigues Marques.

O garoto de 7 anos era medicado e voltava para casa, mas bastava a temperatura cair para o sofrimento recomeçar. Há dois meses, ele entrou para o programa. Além das visitas agendadas ao médico, passou a usar bombinha. “Não teve mais nada”, afirma a mãe.

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