Ex-zagueiro Galván 'nasceu' no Racing, mas paixão pelo Atlético virou tatuagem no braço

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
24/04/2016 às 00:19.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:05
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

No acanhado estádio Juan Maldonado Gamarra, na cidade peruana de Cutervo, o treinador do Comerciantes Unidos não terá muito tempo para a coletiva pós-jogo contra o Real Garcilaso. Assim que o juiz apitar o final da partida válida pela 13ª rodada do Campeonato Peruano, por volta das 17h30 (horário local, às 19h30 de Brasília), Carlos Alberto Galván deixará o gramado imediatamente para procurar uma televisão. O ex-zagueiro não pode perder nenhum minuto de um confronto inédito que lhe dividirá a torcida. A quilômetros dali, dois amores do treinador argentino estarão em campo, prontos para uma batalha pela Copa Libertadores.

Perguntar ao ex-jogador de Atlético e Racing-ARG para qual time irá sua torcer é um ato de crueldade. Parodiando o ex-atacante Edmundo, "La Academia" foi uma mãe para Galván. O acolheu aos oito anos, lhe deu a chance de conhecer de perto os ídolos e de virar jogador profissional. O Atlético foi a 'mulher', com quem Galván se apaixonou à primeira vista em 1998.  Um relacionamento curto, de apenas 16 meses, mas avassalador. O coração de 43 anos do antigo defensor é totalmente racinguista. Mas o bíceps direito esconde um carinho eterno pelo Galo. Galván, anos depois de se despedir Belo Horizonte com o vice-campeonato de 1999, tatuou a imagem do Galo Volpi no braço.

"Eu não conhecia o Atlético. Mas eles despertaram interesse em mim. Eu joguei em um Racing muito competitivo, mas com grande problemas econômicos. Fiz a tatuagem do Galo, o que me motivou foi o carinho que a torcida do Atlético sempre me deu. O clube também tinha dívidas e me vendeu para o Santos", disse Galván, ao Hoje em Dia.Reprodução/Twitter

Galván mostrou a tatuagem do Galo no Twitter, durante o último aniversário do clube

Mais de 15 anos se passaram desde a última vez que Galván vestiu a camisa do Galo. Dois anos depois da despedida, ele retornou ao Mineirão defendendo o manto do Peixe. O Atlético motava o time que chegaria à semifinal do Brasileirão de 2001. Estava invicto no Mineirão, que receberia 73 mil pessoas naquela tarde de outubro. Um jogo apertado, com chances para cada lado. No meio de Guilherme, Marcelinho Carioca, Marques e Viola, sobrou para o aguerrido zagueiro marcar o único gol da vitória. Galván venceu Velloso e, se não fosse pelo nascimento da filha Ingra (belo-horizontina), certamente não faria nenhum gesto de comemoração. Mas o gol não foi o clímax daquele reencontro. Antes de a bola rolar, o argentino se contagiou com a Massa e a acompanhou na hora do hino do Atlético. 

Foi então que a tatuagem apareceu. Um companheiro santista deu uma dura em Galván. "Como assim você está cantando o hino deles?". Foi então que o zagueiro respondeu: "Em campo eu faço o meu trabalho, fora dele eu sou atleticano". Terminou a resposta levantando a manga direita da camisa e mostrando o Galo Volpi eternamente marcado na pele.

​Reprodução

Galván como gandula do Racing campeão da Supercopa da Libertadores em 1988 e titular da zaga do Atlético, no qual disputou 58 partidas e fez dois gols oficiais

Na quarta-feira, o zagueiro que ficou 14 anos no Racing e 16 meses no Atlético colocará os sentimentos na balança. O equilíbrio o mostrará como deverá ser o comportamento no campo. Apenas desfrutando do jogo. "Será uma partida complicada para os dois times. Mas será espetacular para os espectadores", completa o argentino, que virou treinador de futebol e divide o comando do recém-promovido Comerciantes Unidos com Horacio "La Pepa" Baldessari. Mas o futuro de Galván não está no futebol peruano.

"(É um sonho um dia dirigir o Racing ou o Atlético?) Lógico!".Divulgação/Comerciantes Unidos / N/AGalván foi contratado para ajudar a comandar o Comerciantes Unidos-PER em março

O gol mais famoso de Galván pelo Galo (Atlético 1 x 1 Cruzeiro, Mineiro de 1999) A partir de 1'28'':

O gol de Galván contra o Galo, pelo Santos, em 2001. A partir de 55''

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O primeiro gol do zagueiro pelo Atlético, contra o São Paulo, em 1998

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