Casal de Uberaba é preso por agredir e acorrentar os filhos, além de negar comida para as crianças

Rosiane Cunha
27/02/2019 às 22:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:45
 (Google Street View/Reprodução)

(Google Street View/Reprodução)

Uma mulher de 30 anos e o companheiro dela, de 33, foram presos nesta quarta-feira (27), pelo crime de maus tratos contra duas crianças, de 11 e 13 anos, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Entre as agressões estão surras e acorrentamento de uma das crianças. Os pais também estariam negando comida aos dois.

A Polícia Militar chegou ao casal após atender ao chamado em uma escola do bairro Jardim América. No local, a diretora relatou que o menino estava com marcas no braço e na perna, possivelmente em decorrência de agressões físicas.

Com o acompanhamento de conselheiros tutelares, as duas crianças contaram aos militares que moram com a mãe, o padrasto e um irmão de apenas 3 anos. Segundo as vítimas, que estavam nervosas e emotivas, a família trabalha em casa com colagem de sacolas plásticas e que, desde 2013, são obrigadas a trabalhar assim que chegam da escola, por volta das 12h, e que a jornada dura até a noite. Elas contaram que muitas vezes passam a madrugada executando as tarefas. 

Ainda segundo os relatos, as crianças são espancadas quando se negam a trabalhar, quando fazem barulho durante a manhã ou tiram alguma coisa do lugar. O padrasto já teria usado uma mangueira de jardim, chinelo e até uma colher para castigá-los.

As punições não ficavam apenas nas surras. Segundo a PM, eles também eram punidos com restrição de comida e muitas vezes a única refeição que faziam era na escola, por volta das 9h30 da manhã. Os agressores também mantinham a geladeira no quarto do casal para impedir que eles tivessem acesso aos alimentos.

Em um dos episódios de maus tratos, o menino foi acorrentado pelo pescoço depois de tentar fugir de casa. 

Segundo a direção da escola, o adolescente foi retirado da instituição no ano passado após desconfianças dos professores de que havia algo errado com ele. Em outro episódio, a menina pegou piolho em 2017 e teve a cabeça raspada pela mãe. Eles também contaram que até o irmão menor já começou a apanhar.

A polícia e os conselheiros foram até a casa das crianças e os pais negaram que elas eram obrigadas a trabalhar e que apenas ajudavam no tempo livre da escola. Sobre as agressões, eles confirmaram que corrigem as crianças, mas que não ocorrem na intensidade em que elas relataram. Ainda conforme a mãe, a alimentação na casa é apenas controlada e a geladeira da família fica no quarto do casal para que as crianças não comam toda a comida. 

A mullher também confirmou que acorrentou o filho durante três dias quando ele tentou fugir, justificou que tomou a medida para protegê-lo, e disse também que ele apanha porque anda com más companhias e que até comete pequenos furtos.

As crianças passaram por exames médicos que apontaram várias lesões pelo corpo do menino. A garota está desnutrida, apresenta um quadro de infecção de ouvido e febre. Eles foram levados para um abrigo da cidade. 

Os pais foram ouvidos na delegacia e estão presos.

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