Arrocho financeiro impõe maior controle de gastos

Raul Mariano e Fernando Dutra/Hoje em Dia
11/11/2014 às 08:07.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:58
 (Editoria de Arte)

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Os indicadores da economia brasileira apontam para um dezembro de aperto no orçamento, sem perspectiva de trégua para 2015. Com muitas das despesas para o próximo ano reajustadas acima da inflação – que fechou o acumulado de 12 meses em outubro estourando o teto da meta, em 6,59% – economistas e consultores de finanças pessoais são unânimes sobre a necessidade de controlar os gastos e se preparar para um janeiro de pressão sobre os preços.

É hora de preparar o bolso para o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e, para os que têm filhos, as mensalidades escolares que devem sofrer reajuste médio de 12%, segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG). Quem recorre ao transporte escolar pode se preparar para uma alta média de 10%, segundo estimativas da Associação Nacional dos Transportadores Escolares e de Passageiros (Atep).

A pressão sobre os preços dos bens inelásticos – aqueles que precisam ser adquiridos mesmo que o preço aumente, como energia elétrica e gasolina – também vão contribuir para que o custo de vida no próximo ano se torne mais alto no país.

Para o doutor em economia e professor da PUCMinas Jean Max Tavares, a percepção geral é de que as pessoas já estão adiando o consumo e isso deve continuar.

“Apesar do incentivo do 13º salário, as pessoas sabem que vai haver aumento das tarifas públicas no ano seguinte e isso deve se refletir nas compras”, comenta. O aumento da inadimplência, que cresceu 3,95% no mês passado em relação a outubro de 2013, também contribuiu para um ambiente de compras mais modestas, voltado para a quitação de dívidas adquiridas ao longo do ano.

Planejar é preciso

O planejamento financeiro é a principal orientação dos especialistas para quem quer evitar o endividamento logo no início de 2015, com enfoque para a importância de prever gastos e priorizar o pagamento à vista.

Para o doutor em economia e consultor de Educação Financeira Fernando Agra, quem está endividado deve priorizar o pagamento das dívidas que cobram juros maiores, como o cheque especial. Ele explica que saber avaliar o que quitar primeiro é mais importante do que fazer os pagamentos à vista.

“Não adianta pagar o IPVA à vista se houver dívidas anteriores pendentes e acumulando juros. É comum que nos finais de ano as pessoas sejam seduzidos pelo consumo, mas investir o décimo terceiro na quitação das contas em atraso é muito mais interessante e ajuda nas compras futuras”, completa.

Planejamento de longo prazo evita pagamento de juros e inadimplência

A solução encontrada pela coordenadora de marketing Graziela Panza para arcar com as despesas do próximo ano sem imprevistos foi controlar os custos fixos em uma planilha.

Com todas as metas de compra anuais mantidas sob controle, Graziela e o marido pagam a maioria dos impostos à vista. Com o controle, ela conta que está sempre ciente dos gastos do mês seguinte.
 
A coordenadora de marketing Graziela Panza ensina: uma poupança para cada projeto (Foto: Samuel Costa/Hoje em Dia)

“Vamos poupando de acordo com a proposta. Seja uma viagem, a reforma na casa ou os gastos com todos esses impostos. Geralmente, quando chega a hora de pagar, já temos a reserva”, explica.

O mesmo expediente é seguido pelo empresário José Guilherme de Araújo, que mesmo com a renda variando a cada mês, mantém um controle rígido de todos os custos.

“O que venho fazendo nos últimos anos é uma previsão de longo prazo. Por isso, bem antes do mês de janeiro eu já posso contabilizar o que vou ter de despesa de IPTU e IPVA, principalmente”, conta.

Já a jornalista Luciana Mayer resiste às compras de fim de ano e reserva metade do décimo terceiro salário para a quitação do IPTU. Assim, ela consegue realizar o pagamento à vista e garantir o desconto.

“Sempre tento ser racional com os gastos e economizar o máximo possível. Vendi meu carro e estou guardando dinheiro para meu próximo veículo. Pretendo dar entrada de mais de 50% do valor”, relata.

Para o professor do Ibmec Minas e doutor em administração Eduardo Coutinho, o desconto de 3% oferecido para o IPVA, por exemplo, pode parecer pequeno, mas não deve ser desconsiderado.

“As pessoas podem não perceber um grande ganho, mas financeiramente o desconto é muito interessante”, diz.

Antecipação de imposto dá desconto de até 7%

A chegada do ano novo é época de fazer votos por mais saúde, paz e harmonia, mas também é hora de preparar os bolsos para o pagamento de impostos, entre eles o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Embora os novos valores para o pagamento do IPVA sejam anunciados apenas no início de dezembro, já é possível planejar o orçamento. Quem paga à vista, tradicionalmente, obtém desconto de 3% do valor total. Também tem sido possível parcelar o tributo em até três vezes.

Além do IPVA, o IPTU também é cobrado a partir de janeiro e pode ser dividido em até 11 parcelas. O reajuste da taxa segue o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) que ficou em 5,85% em 2013. Para quem optar pelo pagamento à vista, o desconto deve ser de 7% para quem antecipar entre duas parcelas e o valor total, se forem mantidos mesmos critérios adotados em 2014.

Também é possível obter desconto no IPTU através do BH Nota 10, com abatimento que pode chegar a 30%. Para conseguir o desconto, basta solicitar a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica, documento emitido pelos estabelecimentos que pagam o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Para quem possui imóvel em BH, o desconto é automático quando a nota é solicitada.

Endividamento cresce em outubro

Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) divulgados nessa segunda-feira (10) revelam que um milhão de novos CPFs foram negativados no mês de outubro. Na comparação com o mesmo mês de 2013, o número de dívidas atrasadas cresceu 3,93%.

Dentre os motivos para o atraso está a alta dos juros. Dívidas com atrasos superiores a um ano ainda são a maioria no país.

(*) Colaborou Bruno Porto


 

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