Pizzas, sanduíches e cafés da capital homenageiam personalidades das artes

Thais Oliveira - Hoje em Dia
04/07/2015 às 08:25.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:45
 (Ricardo Bastos / Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos / Hoje em Dia)

Sempre que precisam de inspiração para compor músicas e acertar os detalhes dos próximos shows, Bernardo, Fabinho, Lucas e Wallace vão direto para a rua do Ouro, número 331, na Serra. Diferentemente do que a descrição sugere, no local não há nenhum estúdio. Menos ainda se trata de um ambiente reservado. Os garotos – que integram o grupo mineiro Sambatôa – preferem se aconchegar na Mello Mercearia, Restaurante e Pizzaria. O estabelecimento já se tornou tão familiar que o proprietário, o chef Celso Pereira, resolveu criar uma pizza para a banda. Assim como os sambistas, vários artistas também tiveram os seus nomes cravados em pratos ou bebidas em forma de homenagem em Belo Horizonte.   “Como o Sambatôa está sempre na Mello, um dia tive a ideia de pedir que cada um listasse, num papel, três ingredientes que gostavam e, depois, fui para a cozinha. Claro que tinha umas maluquices que não deram para aproveitar, mas montei a pizza com base nos pedidos deles”, conta Celso.   A redonda leva molho de tomate, muçarela de búfala, salmão, camarão e manjericão fresco e foi batizada de “Sambatôa # Maria Chuteira” – nome de um dos hits mais conhecidos do grupo, que possui mais de 500 mil acessos no YouTube, levando-se em consideração todos os vídeos já feitos com a canção.   “A música foi gravada junto com o cantor Eduardo Costa e o Celso resolveu fazer a homenagem, no ano passado, quando soube da parceria. Foi uma honra para nós”, afirma Bernardo Correia, 30 anos – compositor, percussionista e empresário do grupo.   Animações em cena   Essa, porém, não foi a primeira vez que Celso recorreu ao universo das artes para batizar pratos da Mello. Pensando na criançada, ele criou quatro opções inspiradas em filmes infantis. Quem quiser saborear o tagliatelle ao molho de tomate, por exemplo, deve pedir o “Enrolados” – o nome, diga-se de passagem, caiu como uma luva, já que as finas tiras da massa são uma alusão à cabeleira de Rapunzel. Já para os “baixinhos” que gostam de frango, “A Fuga das Galinhas”. Para quem prefere carne de boi, “Nem que a Vaca Tussa”. “Procurando Nemo” só poderia entrar na opção de peixe.   ‘Marcelo Xavier’ bate recorde no cardápio de cafés especiais   Pensando no conceito do estabelecimento, uma das proprietárias do Café Book (rua Padre Rolim, 616, Santa Efigênia), Camila Dornas, disse que, ao decidirem (ela e a irmã, Mariana) reformular o cardápio, batizaram todos os cafés com nomes de autores brasileiros consagrados. “Como se trata de um café livraria, achamos que a ideia combinava e que as homenagens causariam uma interação maior entre os clientes e o espaço”.   Segundo Camila, para a escolha dos nomes, foi levado em conta o estilo de cada escritor. “O café do Machado de Assis contém uísque porque é um nome forte. Já o do Monteiro Lobato é mais leve, com leite condensado, por conta de sua obra dedicada ao público infantil”. O mineiro de Ipanema Marcelo Xavier, que é também artista plástico, foi um dos primeiros escritores a entrar para a lista do local. “Ele é nosso cliente desde a inauguração e, quando soubemos a respeito do café preferido dele, resolvemos fazer a homenagem”, afirma Camila.   A aludida bebida, que leva chocolate em pó com leite cremoso e canela, tornou-se também o predileto da clientela. “O engraçado é que os próprios clientes chamam este café de MX – apelido do Marcelo entre os seus amigos”, conta a empresária.   Outros grandes nomes   Autores como José de Alencar, Érico Veríssimo, Cecília Meireles, Clarice Lispector e os mineiros Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Murilo Rubião e Olavo Romano, são outros que estão no cardápio do Café Book.   Hambúrgueres levam nomes de astros do cinema e da música   Em 2013, o casal Victor Zica, 33 anos, e Paula Loyola, 29 anos, decidiu abrir uma hamburgueria, a James Burguer (rua Sergipe, 1.093), num dos pontos mais nobres da capital: a Savassi. Desde o início, a dupla queria que o ambiente fosse mais retrô, mas, ao mesmo tempo, atual. “Junto com a equipe da Comunicação, surgiu a ideia de homenagear o James Bond, que faz sucesso até hoje com a série ‘007’”, diz Victor.   Durante o planejamento do espaço, vieram à mente as dezenas de ícones da música e do cinema com “James” no nome. Assim, entre tantos do cardápio estão o cantor James Taylor, o ator James Dean, o vocalista e guitarrista do Metallica James Hetfield e James Carrey, comediante mais conhecido pelo apelido de “Jim”.   “Tentamos casar o nome do artista com o hambúrguer. Por exemplo, a opção vegana recebeu o nome de James Cronwell, já que ele não come carne. Já o lutador James Tompson foi homenageado com o sanduíche maior da casa, que é bem gourmet e robusto. E, graças a Deus, as nossas apostas têm dado certo. Estamos até pensando em abrir uma filial”, comemora Victor.   ”Sanduba musical”   Outra opção na Savassi é a Duke’N’Duke (rua Alagoas, 1470). “O conceito da casa é a de um pub europeu e partimos da premissa de que o ambiente deveria ser suave, desde a decoração até a sonorização. Por isso, o cardápio também foi planejado de acordo com o conceito da casa”, afirma um dos sócios, Robson Brandão, de 42 anos.   Artistas do jazz batizam os sanduíches, mas há também músicos do rock inglês, blues e outros ditos clássicos. “Somos cinco sócios e todos já trabalharam, em algum momento, com a área musical. Então, a música foi um critério importante na hora de criar a Duke’N’Duke”, diz Brandão.   Entre os homenageados do cardápio estão Louis Armstrong, Wes Montgomery, Frank Sinatra e Thelonious Monk. O mais pedido, atualmente, é o Ray Charles.   Guimarães Rosa no ‘Botecar’   Na última edição, realizada em maio, o festival “Botecar” buscou retomar as raízes da cultura de botecos. Como resultado: 55 municípios de diferentes regiões de Minas foram lembrados por meio dos ingredientes, receitas, decoração dos ambientes e artesanato típico.   Entre as homenageadas, estava a cidade de Curvelo, que fica próximo a Cordisburgo – onde nasceu o escritor Guimarães Rosa. O autor foi lembrado pelo Oratório Bar (av. Brasil, 161, Santa Efigênia), que batizou o prato do festival de “Cumpadre Quelemém” – famoso personagem da obra literária “Grande Sertão: Veredas”. A delícia é feita com tacos de filé serenado salteados na frigideira, acompanhado de palitos de tapioca com queijo coalho, guarnecido com molho de melaço saborizado com pequi.   Já a rabada com ora pro nobis e angu, do Bar do Doca (rua Cuiabá, 960, Prado), prestou homenagem ao falecido padre José Lopes dos Santos, o Zé Lopão, do município de Itabira. Com o título de “Zelopão Orapronobis”, o quitute acabou conquistando o segundo lugar do “Botecar”.   De José Maria Alkmin a Shopia Loren   O dono da Província Di Salerno (Rua Maranhão, 18, Santa Efigênia) Remo Peluso tem o costume de colocar os nomes dos clientes mais assíduos nos pratos da casa. Entre as iguarias estão o “Penne Caponata alla José Maria Alkmin” (ex-ministro do governo JK); o “Penne Poivre alla Sandra Penna” (decoradora); e o “Spaghetti alla Epiphanio Camilo” (administrador).   E, como bom representante da gastronomia italiana, a Província não poderia deixar de prestar homenagem ao país europeu. “A Sophia Loren é italiana e fez citações ótimas sobre comida como, por exemplo, ‘prefiro estar presa comendo macarrão na Itália a estar livre na Suíça’ e ‘prefiro muito mais comer massa e beber vinho do que vestir tamanho 32’. Devido a esse interesse dela por gastronomia, o Remo se identificou e fez a homenagem criando um espaguete com o nome dela”, diz a consultora gastronômica Fernanda Peluso.   Homenagens aos funcionários da casa   Nada mais justo do que reconhecer aqueles que labutam em prol da empresa. Pensando assim, no restaurante Albanos (rua Pium-Í, 611, Anchieta), a homenagem vem logo no cardápio. Por lá, é possível encontrar o “Chope Marquinhos” (claro + escuro + creme claro) – que foi copeiro do espaço por nove anos. Ainda no campo das bebidas, há o “Chope Janaína” (claro + escuro+ creme escuro), que passou a fazer, em 1999, a função do Marquinhos. Já na área dos comes, há opção da “Tilápia do Adori” (filé de tilápia grelhado ao molho de catupiry com manteiga de ervas) – que é gerente de Atendimento desde 1996 –; e a “Fraldinha do Flavinho” (fraldinha grelhada e fatiada, com escarola refogada, cebola frita e molho da casa) – que é operador de caixa no local desde 1997.   SAIBA MAIS:   Criado na década de 1930, no restaurante Cosmopolita, na Lapa, na cidade do Rio de Janeiro, o filé à Oswaldo Aranha ultrapassou a barreira carioca e se tornou uma das homenagens gastronômicas mais conhecidas do país. É sabido que, naquela época, o político gaúcho gostava muito de almoçar também no Café com Lamas, que não demorou em adotar o nome dele ao prato. A notícia de que o prato era dos melhores percorreu Brasil afora, se transformando em um verdadeiro clássico.   Sendo assim, se apresse logo para anotar a receita inspirada do filé à Oswaldo Aranha e bom apetite!   Ingredientes 400g de filé mignon (2 filés) 3 colheres de sopa de manteiga 2 colheres de chá de alcaparras esmagadas 1 dente de alho esmagado 1 cebola cortada 200g de farinha de mandioca crua 1/2 cenoura ralada 300g de arroz pronto e soltinho Sal e pimenta-do-reino 1 pacote de batata chips   Modo de preparo Em uma panela coloque uma colher de manteiga, a cebola e o alho e deixe dourar. Em seguida, adicione a farinha de mandioca e deixe dourar, desligue o fogo e acrescente a cenoura. Tempere os filés com sal e pimenta-do-reino a gosto. Em seguida, coloque um pouco de manteiga em uma frigideira e frite-os, quando estiverem dourados acrescente o resto da manteiga e as alcaparras. Retire os filés colocando cada um em seu prato com algumas alcaparras e um pouco de manteiga por cima. Coloque o arroz e a farofa (juntos) na frigideira que acabou de fritar os filés e que ainda contém manteiga e alcaparras e misture bem. Coloque porções ao lado dos filés nos pratos e babata chips para acompanhar.   Receita do site Tudo Gostoso.

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