CPI vai apurar risco de desabastecimento de água em BH após tragédia em Brumadinho

Lucas Simões
14/02/2019 às 19:40.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:33
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A Câmara Municipal de Belo Horizonte decidiu instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a eventual falta de água em Belo Horizonte e na região metropolitana por causa do rompimento da Barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho, a 55 quilômetros da capital mineira. O objetivo dos trabalhos é prevenir um colapso no sistema de abastecimento de água, ainda que a Copasa negue essa possibilidade.

Em uma ação coletiva, com assinatura de 23 vereadores, o requerimento para a instauração da CPI foi recebido pela presidente da Câmara, Nely Aquino (PRTB), na última segunda-feira, três semanas após o desastre com a barragem da Vale. 

Agora, a presidente da Casa tem até a próxima segunda-feira, dia 18, para indicar os sete membros que irão compor a comissão, sendo um presidente, um vice-presidente e cinco relatores. O prazo regimental para concluir as apurações é de 120 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período.

Por ter sido o primeiro signatário do documento, o vereador Bim da Ambulância (PSDB) deverá compor, obrigatoriamente, a comissão. Segundo o tucano, a preocupação dos parlamentares é com a possível contaminação das águas do rio Paraopeba e com o desabastecimento de água em cidades próximas a Brumadinho, situação que poderia afetar Belo Horizonte. 

“Nós queremos ter certeza de que a população de BH e da região metropolitana não será prejudicada, porque qualquer desvio no abastecimento afeta BH. Além disso, é preciso ter certeza de que a água que chegará a essas cidades não está contaminada. Há quatro anos, tivemos uma crise hídrica e foi necessário o governo de Minas investir R$ 128 milhões em obras no Sistema Paraopeba, com risco de faltar água no Estado. Então, temos que nos preocupar”, diz o parlamentar.
Logo após a catástrofe em Brumadinho, a Copasa suspendeu a captação de água no rio Paraopeba, que corta a cidade. O Sistema, que não é alimentado pelo rio Paraopeba e sim pelos reservatórios das represas de Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores, é responsável por abastecer 50% da população da região metropolitana, o que corresponde a cerca de 3 milhões de pessoas em mais de 17 cidades. 

Em Belo Horizonte, apenas 30% da captação de água é feita por meio do Sistema Paraopeba — o restante é alimentado pelo sistema Rio das Velha, que não foi afetado com o rompimento da barragem em Brumadinho. Por isso, a Copasa reforçou, por meio de nota, que “esses reservatórios, juntamente com a captação do Rio das Velhas, têm suficiência para a continuidade e a normalidade do abastecimento de água para a população da região metropolitana”.

Segundo o professor Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão da UFMG, é preciso acompanhar o abastecimento de água nos próximos meses, mas não há como garantir a estabilidade do abastecimento. 

“Não é porque o Rio Paraopeba não abastece Belo Horizonte que a cidade não será afetada. Se a Copasa tiver dificuldades para captar água nas outras represas, se as chuvas não ajudarem, claro que pode acontecer o desabastecimento. É preciso monitorar, só assim para ter certeza”, disse Polignano.

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