Crise profunda na educação

22/04/2016 às 19:51.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:04

Aristóteles Drummond

Uma constatação triste é a falta que anda fazendo no currículo dos cursos básicos e intermediários do estudo da História do Brasil, seus grandes vultos. Também seria bom o restabelecimento da matéria Moral e Cívica, uma feliz iniciativa do então ministro Jarbas Passarinho.

Há semanas, visitando a pequena, mas valorosa, cidade de Augusto de Lima, às margens da BR 135, entre Curvelo e Montes Claros, pude constatar que o interior tem mais qualidade no ensino e nos quadros do professorado.

A Escola Municipal Professora Laura Martins, que comemorou seus 20 anos com direito a banda do Terceiro Batalhão da Polícia Militar de Minas, por acaso a mais antiga do Brasil, tem 500 alunos e conserva a tradição do hasteamento da bandeira e o cantar do Hino Nacional brasileiro. Seus alunos conhecem ainda os hinos da Independência, Bandeira, República. E possui biblioteca de qualidade.

Percebi naquela visita o quanto é importante a missão das professoras, que, mais do que pelo salário, são movidas pelo idealismo e o civismo.

Nos grandes centros, a indisciplina está generalizada nas escolas e universidades, em vergonhosas cenas de violência e desrespeito, inclusive na maneira de vestir e calçar, tanto de professores como de alunos. No modelar Instituto Princesa Isabel, no Rio, onde passei sete anos, cantava-se o Hino Nacional diante da bandeira e os professores se apresentavam de paletó e gravata. Hoje, outros tempos, bastariam calças compridas e camisas com gola, sapato fechado, mesmo sem meias. Mas bermudas, chinelos e camiseta, por vezes até sem manga, é um absurdo completo. E a indisciplina em salas de aula fica normalmente impune.

É preciso restabelecer as punições de suspensão e expulsão dos alunos que tumultuam as aulas e promovem a discórdia entre os colegas. E uma vigilância no que é tratado em aula – atualmente, muitas vezes, na contramão do que pensam os pais das crianças.

Nas universidades públicas, a situação é grave. A indisciplina começa pelos professores e funcionários viciados em greves e as salas de aula são transformadas em centros de pregação ideológica. E os salários são bem superiores à rede privada, com melhor qualidade no ensino. Até o tradicional Colégio Pedro II foi transformado em plataforma ideológica e perdeu a referência que sempre teve no ensino público de nível médio.

É preciso uma ampla reforma nos costumes escolares, para que possamos pensar com bases sólidas num país melhor nas futuras gerações. Controle disciplinar para professores e alunos e uma participação maior dos pais de alunos, como ocorre em alguns estabelecimentos da rede privada. Os governos deveriam voltar à antiga prática da aquisição de bolsas nas escolas particulares, de grande validade social por estimular o convívio de crianças oriundas de diferentes classes sociais, como corria no passado.

(*) Jornalista

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