Aleitamento materno favorece saúde bucal

Ana Paula Lima - Hoje em Dia
04/08/2014 às 07:23.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:38
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Tomar leite no peito traz mais benefícios do que a maioria das pessoas imagina. Além de aumentar a imunidade do bebê e fortalecer o vínculo com a mãe, contribui para a saúde oral da criança, a respiração e até a fala.   Lista de vantagens extensa que explica o motivo de dentistas e fonoaudiólogos abraçarem as campanhas pelo aleitamento materno tanto quanto os pediatras. E defenderem que todas as mulheres ofereçam aos herdeiros somente o seio nos primeiros seis meses de vida.   Não é exagero dizer que sugar o leite da mãe pode levar a um sorriso mais bonito. Doutora em odontopediatria, Sylvia Lavínia Martini Ferreira afirma que o esforço para movimentar a mandíbula durante a mamada não só estimula a musculatura da boca e o complexo maxilofacial como favorece o crescimento dos ossos do crânio e da face.   Na prática, “prepara” o espaço que será ocupado pelos dentes e colabora para que o posicionamento deles seja correto. Por isso, melhora também a mastigação e a deglutição.   Medida certa Mamar no seio ajuda a afastar as cáries. O alimento produzido pela mãe tem cálcio, fósforo e vitamina D, e a absorção desses nutrientes está diretamente ligada à qualidade do esmalte dentário. “Não acontece da mesma forma com o leite artificial ou o de vaca”, diz Sylvia. O efeito prevalece até nos dentes permanentes.   Outra vantagem é prevenir que a criança desenvolva hábitos nocivos como chupar dedo ou bico, pois o instinto natural de sugar já é atendido. Sem falar que tamanha proximidade com a mãe pode tornar a chupeta menos interessante, reduzindo a chance de o pequeno ter uma maloclusão – mordida aberta ou cruzada – por uso prolongado do objeto.     Na pauta   Tudo isso não significa, é claro, que quem mamou no peito está livre de ter um problema bucal no futuro. “Mas o aleitamento materno é preventivo”, esclarece Sylvia, vice-presidente do 17º Congresso Latinoamericano de Odontopediatria.  O evento reunirá 1.500 especialistas em São Paulo de 21 a 23 de agosto e também vai abordar a importância da amamentação – inclusive para a respiração do bebê, pois ele é obrigado a coordenar esse ato com a sucção do seio. Até o dia 7, acontece, em todo o mundo, a Semana de Aleitamento materno. Nada de preguiça Boa parte dos benefícios da amamentação está ligada à força que a criança tem que fazer para puxar o leite. Na mamadeira, o esforço é muito menor. “O nível de dificuldade leva ao desenvolvimento da musculatura da boca, do lábio, da bochecha e da língua. Tudo vai se refletir na articulação da fala”, diz a fonoaudióloga clínica Maria Carmem Monteiro Teixeira. Por isso, quem é amamentado pode ter maior facilidade para fazer, por exemplo, sons vibrantes, como o “r” de “Bruno”.   O aparelho auditivo, quem diria, também agradece, pois o risco de otites é menor. “O leite pode chegar até o ouvido se a mamadeira estiver na posição errada”. A naturalidade com que acontece a sucção no peito praticamente descarta essa chance.   De todas as vantagens, a que Cecília Santos mais curte é o contato com o filhote. “Amamentar é um momento único. Não dá para descrever a relação que se cria com o bebê. É algo muito emotivo, só sendo mãe para saber”, diz a publicitária, que há três meses e meio deu à luz Francisco.   Tanto quanto carinho, há ali comunicação, diz a fonoaudióloga Maria Carmem. “Pelo contato físico e a troca de olhares. É por isso que o bebê maiorzinho, de 4 ou 5 meses, resmunga se nota que a mãe está distraída”.

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