Preço abusivo esvazia hotéis de Belo Horizonte na Copa

Bruno Porto - Hoje em Dia
13/05/2014 às 07:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:33
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Com tarifas até 380% mais altas em Belo Horizonte para os dias de jogos, a rede hoteleira deverá operar durante a Copa do Mundo com ociosidade próxima de 40%. Ainda com muitas vagas disponíveis, os h[/LEAD]otéis da cidade operaram de janeiro a abril deste ano com taxa de ocupação média de 57%. Estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG) é de uma ocupação de 60% no período do torneio, mas alguns hotéis já projetam redução no números de reservas.

Em uma simulação de reserva em sete hoteis de Belo Horizonte e um de Lagoa Santa, a alta média dos preços durante a Copa do Mundo, comparado com o período pré-Copa, é de 184%. A maior variação foi verificada no quatro estrelas e.Suítes Sion, da Vert Hoteis. Durante os jogos das oitavas e semifinais disputados em Belo Horizonte, nos dias 28 de junho e 8 de julho, respectivamente, a tarifa é de R$ 1.080. Fora da Copa do Mundo o mesmo apartamento pode ser alugado por R$ 225 por dia.

“Acompanhamos os preços que o mercado pratica e estamos mais baratos que outros hotéis do mesmo padrão”, afirmou a gerente regional de vendas da Vert Hotéis, Tatiane Barbosa. A rede administra três hotéis em Belo Horizonte e um em Lagoa Santa. Juntos, eles dispõem 450 apartamentos, sendo que 75% estão reservados para o jogo de maior demanda – a semifinal, em 8 de julho. “A expectativa era a de 100% de ocupação, mas tivemos muitos problemas como a devolução de reservas feitas pela Fifa. No caso de Lagoa Santa, devolveram 80% dos apartamentos”, disse Barbosa.

Gol contra

O diretor do San Francisco Flat, Dilson Cosme Ramos, aponta gol contra da Prefeitura de Belo Horizonte que, segundo ele, incentivou a construção de novos hotéis de forma desordenada. “A oferta cresceu 50% e a demanda não acompanha. Em abril de 2013, o setor tinha taxa de ocupação de 70% e, no mesmo mês deste ano, foi de 55%”, afirmou. Segundo Ramos, nos dias de jogo da Copa em Belo Horizonte a taxa de ocupação deverá se equiparar com o pré-Copa, atingindo, no máximo, 70%.

A presidente da Abih-MG, Patrícia Coutinho, minimizou a forte oscilação de preços no período da Copa do Mundo e creditou a ociosidade a menor demanda de setores como turismo de negócios, que ficará praticamente inexistente durante o torneio internacional de seleções. “Em dias de jogos é natural que a tarifa seja mais cara, mas o consumidor tem liberdade para pesquisar o melhor preço. A variação de preços em Belo Horizonte está dentro do que se percebeu nas últimas duas Copas do Mundo, na Alemanha e África do Sul”, afirmou.

Em 2010 a Prefeitura de Belo Horizonte sancionou a Lei 9.952, que aumentou o potencial construtivo dos hotéis para dar maior atratividade a investimentos no setor e atender a demanda da Copa. Na prática, as construtoras puderam construir mais, no mesmo espaço. De lá pra cá, 21 hoteis foram inaugurados em Belo Horizonte e acrescentaram cerca de 4 mil leitos aos 8,7 mil já existentes. O aumento de 45,7% na oferta fez a ociosidade aumentar, usando a disparada de preços como trampolim.

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