Em 2012, após receber o diagnóstico de câncer em estágio avançado, Marku Ribas confidenciou aos amigos: tinha um disco de samba em sua mente e um medo enorme de não conseguir gravá-lo. Uma corrida contra o tempo foi formada. Barral Lima e Rodrigo Brasil, ambos do selo Ultra Music, procuraram por instrumentistas destacados da cena de samba e choro da cidade para registrar o material feito ao longo de mais de três décadas.    O violonista Lucas Telles e o trombonista Leonardo Brasilino toparam fazer a direção musical do projeto e, em novembro de 2012, foi registrado “+ Samba”, álbum que finalmente chega ao público, financiado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.    O lançamento oficial acontece nesta quinta (17), à noite, n’A Autêntica, com show conduzido pela banda que gravou o disco e pela cantora Júlia Ribas, filha de Marku. A apresentação terá ainda vários convidados que fizeram parte da história do artista falecido em abril de 2013: Marcelo Veronez, Cristiano Cunha, Banda Black Sonora, Pedro Morais e Evandro Souza.    “Meu pai estava sempre com alguma coisa nova na cabeça. Quem conseguia acompanhá-lo compreendia bem essa dinâmica”, conta Júlia, que atualmente mora numa comunidade quilombola no interior do Ceará e vai passar uma temporada em Belo Horizonte para dar a luz à sua primeira filha.    Segundo ela, há muitas coisas guardadas de Marku a serem lançadas: uma autobiografia, arquivo fotográfico, músicas e poemas inéditos. Propostas para documentários sobre o artista também foram feitas à família Ribas.    Só samba   De acordo com Rodrigo Brasil, que assinou a produção executiva do álbum, uma grande gravadora pediu a Marku que fizesse um álbum só de sambas nos anos 70. “Mas o Marku se recusou a fazer. Disse que tinha um trabalho com samba-rock e música africana, que seu trabalho era plural”, diz o produtor.   Mesmo com essa negativa à gravadora, Marku guardou sambas durante mais de três décadas, imaginando um dia reuni-los num projeto. Músicas rascunhadas à mão ou registradas de maneira caseira. “Ele adoeceu muito rapidamente, não deixou muita coisa pronta, além do registro das músicas. Tive que ouvir música por música e tirar as letras. Além disso, tivemos que ir atrás dos parceiros, que também já eram falecidos”, conta Brasil, que mergulhou em um arquivo de 3 mil fotos feitas por Marku para o projeto gráfico.    Show de lançamento do CD “+Samba”, de Marku Ribas – quinta (17), às 22h, n’A Autêntica (rua Alagoas, 1172). Entrada: R$ 20 e R$ 10 (meia)

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