Quando cada um faz o que está ao seu alcance

21/04/2016 às 21:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:03

Gabriela Reis (*)

Alta do dólar, juros altos e desemprego são termos que têm feito parte da nossa atual economia. A propósito, com números escandalosos de corrupção e recordes de desvio de dinheiro público em nossa política, não há país no mundo que se mantenha firme. Mas, apesar da sua boa parcela de culpa, não podemos atribuir à corrupção a razão de todos os nossos problemas. O Brasil é um país em desenvolvimento, que convive com a fome, a miséria e a desigualdade social desde seus primórdios.

No quesito desenvolvimento social e econômico ainda nos encontramos em processo de aprendizado. Até porque, é um desafio para qualquer governo atender as necessidades específicas de cada região em um país que é o quinto maior em extensão de terra do planeta. E a nós cidadãos, entre defender que a Dilma fique, ou que a Dilma saia, o que mais podemos fazer? Afinal, não são só os governantes os responsáveis por melhorar a situação do país. 

Nas últimas décadas, em Bangladesh, muitas crianças sofriam com uma doença chamada cegueira noturna. Pela falta de vitamina A na alimentação estas crianças não enxergavam durante a noite. Para tentar resolver o problema uma pequena empresa começou a vender, a baixo custo, pacotinhos de sementes de vegetais ricos na vitamina. Resultado, em sete anos a cegueira noturna foi erradicada e a empresa se tornou a maior vendedora de sementes do país. 

Esse é o conceito de negócio social, um empreendimento que é financeiramente autossustentável, mas que possui como meta resolver um problema social. O conceito foi desenvolvido pelo premiado economista Muhammad Yunus, que através de empréstimos de pequenas quantias de dinheiro, a juros baixos, para microempreendedores conseguiu reduzir pela metade os índices de pobreza em seu país. Pelos seus feitos, Yunus foi agraciando em 2006 com um Nobel da paz.

Esse tipo de organização, que não se enquadra nem em terceiro setor, nem pode ser considerado uma empresa tradicional, tem o potencial de transformar realidades. No Rio de janeiro, pertinho de nós, um jovem empreendedor da periferia começou o próprio negócio de venda de saladas a baixo custo, a Saladorama. Ele queria melhorar o nível da alimentação da população de sua região. Atualmente, além de conseguir elevar os índices de nutrição e empregabilidade na comunidade, ele conseguiu abrir unidades da sua empresa em Recife, Florianópolis e São Paulo.

Os negócios sociais representam a possibilidade de contribuir ativamente na construção de um mundo melhor. É uma maneira de fazer a nossa parte para melhorar a sociedade. Uma das empreitadas de Muhammad Yunus foi a fundação do Yunus Social Business, organização com o propósito de fomentar o desenvolvimento dos negócios sociais para acabar com a miséria no planeta. A unidade brasileira dessa organização criou este ano a Rede Yunus Brasil, que conta com um gestor em cada um dos 14 estados integrantes (incluindo Minas Gerais), para ensinar, investir e capacitar negócios sociais em todo o país. 

Como consultora de negócios sociais, há muito tempo eu acompanho os bons resultados alcançados pelas empresas de Muhammad. Por este motivo, eu estou certa de que a Rede Yunus Brasil trará muitos impactos positivos para nossa sociedade. Talvez esta seja uma maneira de conseguirmos também melhorar o cenário social e econômico que o Brasil se encontra. 

(*) Consultora de negócios sociais

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