Desejo de motorista era aproveitar a Fan Fest

Bruno Moreno - Hoje em Dia
05/07/2014 às 10:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:16
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Às 17h dessa sexta-feira (04), a maior parte dos brasileiros começava a acompanhar o jogo entre Brasil e Colômbia, em Fortaleza, pelas quartas de final da Copa do Mundo. Ao mesmo tempo, familiares e amigos da motorista Hanna Cristina dos Santos, de 24 anos, se despediam dela, no cemitério Bosque da Esperança, região Norte de Belo Horizonte.   Quando a partida começou, não se ouviu barulho de fogos no entorno. O silêncio parecia proposital, um sinal de revolta e solidariedade à família.   Um silêncio incômodo, cortado abruptamente pelo grito de gol e pelos fogos que vieram logo em seguida, em comemoração ao gol de Thiago Silva, aos sete minutos do primeiro tempo. Nesse momento, o corpo de Hanna descia a ladeira rumo ao sepultamento.   Claro, esse não era o plano de Hanna. Animada e fã de música, havia trocado a escala de trabalho para poder ir à Fan Fest, no bairro Gameleira, nessa sexta-feira (04) à tarde. Ela queria assistir ao jogo do Brasil e prestigiar o cantor Tiaguinho, que se apresentaria no local.   O desejo de Hanna foi interrompido por uma fatalidade, em uma obra que deveria ter ficado pronta para o Mundial. O ônibus que ela dirigia, da linha suplementar 70, bateu no viaduto Batalha dos Gararapes, que, segundos antes, veio abaixo, fechando a avenida. Ela fazia a viagem entre o Conjunto Felicidade e o Shopping Del Rey. Com o choque, Hanna foi a única a perder a vida no coletivo.   No cemitério, a irmã mais velha, Priscila dos Santos, de 28 anos, não aguentou a emoção e desmaiou duas vezes. Os pais, João Antônio Santos, de 61, e Analina Soares Santos, evitaram o enterro. Eles acompanharam o cortejo de longe.   Os familiares estavam revoltados com a empreiteira Cowan, responsável pela obra e que declarou à imprensa que dava toda a assistência. Muito emocionada, Analina afirmou que eles não foram procurados pela empresa nem pela prefeitura, e tiveram que pagar até o guincho do ônibus, única fonte de renda da família. “O que eles mandaram foi uma coroa de flores”, disse o pai. Segundo a prefeitura, a Cowan arcou com todas as despesas funerárias das vítimas. 

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