Rapaz é atropelado e arrastado por ônibus na Cristiano Machado

Sara Lira - Hoje em Dia
20/03/2015 às 12:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:25
 (Lucas Prates/ Hoje em Dia)

(Lucas Prates/ Hoje em Dia)

A polícia investiga as circunstâncias em que um jovem de 18 anos morreu atropelado por um ônibus, na manhã desta sexta-feira (20), na avenida Cristiano Machado, bairro União, região Nordeste de Belo Horizonte.

Testemunhas contaram à Polícia Militar que, depois de uma discussão, o condutor do veículo atingiu Maicon Jardim Valadares, que foi arrastado por aproximadamente 40 metros. O caso aconteceu na altura do número 4.000.

O baleiro Leandro Simeão, de 29 anos, viu todo a cena e contou que cerca de 12 rapazes que vendem balas em ônibus chegaram no veículo pedindo para que o motorista abrisse as portas.

“Iríamos embarcar pagando passagem para ir almoçar. Ele não queria abrir e três pularam na frente do ônibus para ele não arrancar. Mas mesmo assim ele arrancou. Dois conseguiram pular para o lado, mas o Maicon ficou no meio e foi atingido e arrastado”, lamentou.

Após o atropelamento, o motorista do ônibus da linha 8151 (São Gabriel/BH Shopping via Anel Rodoviário) fugiu do local. Rastreamento foi realizado na região e o condutor detido. Ele contou que deixou o local da ocorrência sem prestar socorro por medo de ser linchado.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas a vítima já estava sem vida. O corpo foi removido para o Instituto Médico-Legal (IML) da capital.

MOTORISTA NEGA

O motorista, no entanto, nega o fato. Segundo C.R.A.P., de 35 anos, ele estava parado no ponto de ônibus quando cerca de 15 baleiros cercaram o coletivo exigindo a entrada.

“Eu não deixei. Eles estavam com pedras nas mãos e começaram a jogar contra o ônibus”, relatou. “Como tinha passageiros eu tive medo de eles se ferirem e fugi do local, fui para a garagem e lá chamei a polícia”, completou. O homem ainda disse que não viu que tinha atropelado uma pessoa.

HOMICÍDIO DOLOSO

O chefe de Operações Policiais do Detran, delegado Anderson Alcântara, não acredita na versão do condutor do ônibus. Para ele, o homem sabia dos riscos quando avançou com o coletivo contra a vítima. “Ele assumiu o risco de matar e vai ser indiciado por homicídio doloso”, afirmou.

Segundo o delegado, o fato deixa de ser uma ocorrência de trânsito e passa a ser um crime. “Essa situação sai, inclusive, do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê negligência, imprudência ou imperícia. Esse caso entra como dolo eventual”, completou.

O suspeito será autuado em flagrante e, em seguida, encaminhado para o Ceresp Gameleira. Se condenado, o motorista pode pegar de seis a 20 anos de prisão.

FAMÍLIA DESOLADA

Familiares de Maicon estavam desesperados. A todo o momento eles chegavam no local do acidente, ainda sem acreditar no que havia acontecido. "Quando me ligaram eu não acreditei. Era meu único filho, trabalhador e havia se alistado no exército há pouco tempo", lamentou o pai do jovem, Devair Coelho Valadares, de 45 anos.

Maicon trabalhava vendendo balas nos ônibus. Ele tinha uma companheira e um filho de apenas nove dias. "Eu quero que esse homem nunca mais dirija", afirmou o pai sobre o motorista do ônibus.

A mãe do rapaz também chegou no local desesperada. Batendo com a mão no rabecão, onde o corpo do filho estava, ela também parecia não acreditar que havia perdido o jovem. "Eu quero ver meu filho", gritava.

O cunhado do rapaz conta que Maicon estava bem com a namorada e focando em trabalhar para cuidar do filho recém-nascido. “Ele não usava drogas, não era envolvido com o crime. Só queria trabalhar para criar o filho. Eu estava tentando arrumar um serviço de carteira assinada para ele. Estou indignado”, disse.

Mãe do rapaz entrou em desespero quando chegou no local do acidente

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