Dislexia: escolas ainda sofrem com falta de professores preparados

Raquel Ramos - Hoje em Dia
21/08/2014 às 07:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:52
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Uma a cada dez pessoas do mundo nasce com dislexia, distúrbio genético e neurobiológico que dificulta o reconhecimento das palavras e, consequentemente, a leitura.   Embora o problema seja mais comum do que se imagina, ainda hoje é ignorado por políticas públicas e desconhecido por muita gente, sobretudo no Brasil. Um importante passo para reverter esse cenário de esquecimento foi dado, nesta semana, durante o 2º Fórum Mundial de Dislexia.

Nos quatro dias de evento, cerca de 500 pessoas – educadores, médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e pais que têm filhos que sofrem com o transtorno – ouviram palestras de renomados pesquisadores estrangeiros e brasileiros sobre o tema.   A principal proposta foi apresentar os avanços científicos na prevenção de problemas de aprendizagem da leitura e da escrita, bem como estratégias que ajudam a identificar os disléxicos e táticas de ensino voltadas para eles.

Como o chamado Método Fônico que, aplicado de forma multissensorial (com o uso da visão, audição, tato e motricidade), facilita a alfabetização. “É a forma mais eficiente de ensinar uma criança a ler”, afirma Ângela Pinheiro, professora de psicologia na UFMG e presidente do Fórum.

No entanto, falta aos professores do Brasil conhecimentos básicos sobre o assunto. “Eles não conseguem perceber se um aluno tem o transtorno, muito menos ensiná-lo a superar as dificuldades”, diz. Como consequência, crianças que poderiam aprender a ler e a escrever se recebessem educação adequada são taxadas de pouco inteligentes.

Mas até mesmo as pessoas que receberam o diagnóstico do distúrbio enfrentam barreiras para superar os obstáculos trazidos pela dislexia, ressalta Ana Luiza Navas, professora do curso de fonoaudiologia da Santa Casa de São Paulo e integrante da comissão organizadora do evento.   “No Brasil, a educação especial inclui estudantes com algum tipo de dificuldade nas salas de regulares e lhes garante o direito de um reforço no contraturno. Mas a lei não engloba os disléxicos nesse grupo”. Nas escolas particulares também falta estrutura e capacitação de educadores para lidar com esses estudantes.

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