Minas terá população de idosos maior do que a de crianças até 2033

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
25/07/2018 às 21:03.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:36
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Em apenas 15 anos, a população idosa já terá superado o total de crianças em Minas Gerais. É o que aponta pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Atualmente, o Estado tem a menor taxa de fecundidade do país e o número de habitantes deve começar a encolher em 2040, oito anos antes se comparado ao cenário nacional.

Por aqui, a projeção é a de que, em 2033, a proporção de mais velhos seja de 17%, contra 16,7% dos menores de 15 anos, chegando a 13,2% e 28,7%, respectivamente, em 2060.

Um dos motivos para o cenário é o adiamento da maternidade, explica o demógrafo Márcio Minamiguchi, da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE. Atualmente, a taxa de fertilidade das mineiras é de 1,62. “Se a mulher engravida mais tarde, tende a ter menos filhos”, diz Minamiguchi. Hoje, a idade média de fertilidade é 27,15 e deverá subir para 28,81 em 2060.

Ao se ter menos nascimentos, a população idosa tende a crescer e agravar o déficit na Previdência Social, segundo o economista da Fundação Getulio Vargas, Mauro Rochlin.

Até 2030, quando deverão nascer 270.645 bebês, a previsão é a de que Minas continue com a menor proporção de partos no país

Fatores

Foco na carreira, planejamento de vida, dificuldade de acesso a creches e situação financeira são apontados por especialistas como fatores que levam a mulher a optar por não aumentar a família, além da crise econômica e do desemprego. “Tem uma parcela que investe no crescimento profissional e decide ter menos filhos”, frisa a socióloga Danielle Cireno Fernandes, da UFMG.

Que o diga a empresária Sheilla Márcia Barbosa da Silva Soares, de 32 anos, casada há cinco. Ainda sem filhos, o projeto de ter um bebê não deve ser concretizado tão cedo. “É tudo muito caro: estudos, plano de saúde e tudo que envolve uma criança. Também teria que abrir mão da minha carreira por um tempo e não estou disposta a fazer isso por enquanto”. Dona de um hotel para cachorros, Sheilla diz que a rotina inviabiliza ter uma criança em casa.

Violência e crise econômica pesaram na decisão da administradora de condomínios Luciana Moura de Castro, de 39 anos. “Adoro criança, mas, da forma como está o mundo, não vou ter filhos. Sem contar o meu ritmo de vida. Eu não poderia me doar como deve ser a maternidade”, conta.Arquivo pessoal

Após o nascimento de Lara, Ricardo e Michelle decidiram não ter mais filhos

Mudança de planos 

Já a representante farmacêutica Michelle Karolline Barbosa Teixeira, também de 39 anos, chegou a pensar em ter três filhos. Porém, os cuidados que seriam exigidos caso ela tivesse duas crianças em casa a fizeram mudar de ideia. “Decidi me dedicar à Lara (de 4 anos). Com tanta demanda, trabalhando fora, é difícil ter mais de um. Só percebi isso depois que fui mãe”.

Alessandra Salgado Gomes Barros, de 45 anos, seguiu o mesmo rumo ao focar a criação na filha Melissa, de 19. “Sou do interior e não tinha ninguém aqui em BH para me ajudar. Meu marido trabalhava em Campinas (SP) e vinha a cada 15 dias”, justifica.

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