Morre adolescente espancado dentro do Instituto de Educação

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
20/11/2018 às 10:27.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:54
 (Reprodução/Street View)

(Reprodução/Street View)

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Luiz Felipe completaria 18 anos nesta sexta-feira, 23 de novembro

O adolescente Luiz Felipe Siqueira de Sousa, de 17 anos, que havia sido internado no Hospital João XXIII após ter sido espancado no Instituto de Educação de Minas Gerais, morreu na manhã desta terça-feira (20). O principal suspeito da agressão, um rapaz de 18 anos, está preso de forma preventiva. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, o corpo será velado em Minas Novas, onde o jovem cresceu, e enterrado em Turmalina, cidade do Vale do Jequitinhonha onde está enterrado o corpo da mãe de Luiz, que morreu quando ele tinha apenas 3 anos. 

O crime aconteceu na última quarta-feira (14), a vítima jogava futebol no pátio da escola, durante o recreio, quando teria acontecido um desentendimento entre os adolescentes. Imagens de câmeras de segurança mostram que Luiz Felipe foi agredido com socos e pontapés. Ele tentou fugir, mas foi perseguido pelo agressor. 

A vítima caiu sobre uma escada e machucou a cabeça em um degrau. Alunos do Instituto de Educação teriam contado que, ao perceber a gravidade da situação, o agressor também tentou ajudar, mas os colegas do jovem o levaram para a sala dos professores.

Criado para a formação de professoras normalistas e atualmente dedicado ao ensino tradicional, o Instituto de Educação é uma das escolas mais tradicionais de Belo Horizonte. Está localizado no bairro Funcionários, região Centro-Sul da capital mineira.  

Reincidente

O rapaz preso por agredir Luiz Felipe tinha um histórico de atos violentos dentro do Instituto de Educação. Segundo um documento assinado pela diretora da escola, Alexandra Aparecida Morais, e endereçado à Justiça, o aluno "sempre apresentou comportamento agressivo com seus colegas em ambiente escolar. Tem dificuldades de obedecer regras e normas estabelecidas pela escola. Havendo, como provas, vários registros do seu comportamento durante os anos em que esteve presente no IEMG até o momento atual". O documento pedia que o suspeito não fosse solto, em nome da segurança dos alunos que testemunharam o crime.   Reprodução Redes Sociais 

Alunos e funcionários do Instituto de Educação fizeram uma corrente de oração por Luiz nesta segunda (19)

Família

O tio de Luiz Felipe, Walter Evangelista de Sousa, afirmou que existe uma expectativa de que algum órgão do adolescente possa ser doado. Por isso, não se sabe ainda quando o corpo sairá de Belo Horizonte em direção a Minas Novas, cidade onde Luiz Felipe foi criado até a adolescência. 

Segundo ele, a avó do adolescente ainda não foi informada da morte e a família tem medo de que ela passe mal, pois sofre de pressão alta. O pai do adolescente, que mora em São Paulo, veio a Belo Horizonte para acompanhar a internação do filho mais velho.

Foi Walter quem recebeu Luiz Felipe em Belo Horizonte e se sente culpado pelo destino do sobrinho. "Ele morava com o pai em São Paulo e pegava dois ônibus para estudar. Falei para ele: 'vem estudar aqui em BH, fazer o terceiro ano aqui, que será mais tranquilo'. Me sinto muito culpado por tê-lo trazido para cá", afirmou o tio, inconsolável.

Segundo ele, outros estudantes teriam participado da agressão e também merecem ser punidos. "Temos que repensar a educação nas escolas. O agressor já tinha umas 30 ocorrências anteriores e não foi tirado da escola. Esses meninos estão muito sem responsabilidades, sem limites", desabafou o tio.

Defesa do agressor

A reportagem ouviu a defesa do agressor, que afirmou que o jovem está assustado e arrependido por tudo o que aconteceu. Segundo William Vaz, defensor público responsável pelo caso, a defesa vai pedir que ele seja julgado por lesão corporal. "Ele não teve a intenção de matar o colega. Houve, sim, a agressão, mas ela não foi iniciada com esse intuito. A pena deve ser maior agora porque a lesão resultou em morte, mas a própria família dele defende que a justiça seja feita, mas da forma certa", explicou.

Veja a nota enviada pela Secretaria de Educação:

"A Secretaria de Estado de Educação (SEE) recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento do estudante do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), na manhã desta terça-feira (20/11), que estava internado no Hospital João XXIII desde a última quarta-feira (14/11), em virtude de agressão praticada por colega da escola.  Durante todo o período de internação, representantes da SEE e da direção da escola acompanharam a família, buscando dar todo o apoio necessário. Segundo informou a família, o corpo do adolescente será velado na cidade de Minas Novas e o enterro acontecerá em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha. A SEE se colocou à disposição para  auxiliar no transporte dos familiares. A eles, aos amigos, colegas e comunidade do IEMG, a SEE se une nesse momento de perda e de luto".  

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