Domingos de Oliveira repassa a vida em filme

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
06/08/2014 às 07:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:40
 ( Divulgação)

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O diretor e dramaturgo Domingos Oliveira é o homenageado do 13º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, que será realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro no próximo dia 26. No mês passado, o cineasta apresentou, no Paulínia Film Festival, o seu mais novo filme, “Infância”.

Aos 77 anos, as pernas de Domingos Oliveira já não se locomovem com a velocidade de antes, mas o humor continua célere, provocando gargalhadas como as que pontuaram o debate do filme protagonizado por Fernanda Montenegro.

Quando o ator mirim Raul Guaraná explicou que, no “ano passado, quando fez o filme, tinha nove anos e agora tem dez”, o diretor do clássico “Todas as Mulheres do Mundo” (1966) não pestanejou e, com sua voz atropelada e quase inaudível, constatou divertidamente: “Normal isso”.

Guaraná interpreta Domingos criança, numa história autobiográfica sobre a família do cineasta, levada aos palcos há 40 anos, com Fernanda Montenegro então no papel da mãe obsessiva. A primeira-dama retorna à trama como a maldosa avó, pivô de boa parte da comicidade do filme.

Curioso sobre a recepção dos jornalistas ao filme, Domingos revela que se reuniu longamente com “Fernandona” e a mulher, Priscila Rozembaum (também no elenco), após a sessão, e concluiu que a iniciativa não pode ser comparada a nenhuma outra obra do Brasil e do exterior.

“É um trabalho pessoal realmente, com estilo. Está longe de (Luchino) Visconti, (Mario) Monicelli... Longe de tudo”, afirma. Na sua avaliação, realizou (“sem querer’), um filme “peculiar como linguagem”, que contou com o generoso (para seus padrões) orçamento de R$ 2 milhões.

“Simpatizo muito com o baixo orçamento. A fase gloriosa do cinema de Hollywood foi marcada por produções rápidas, filmadas em até quatro semanas. Eu lancei essa moda no Brasil. Mas não acho que o orçamento determina o resultado de um filme. O mais importante é o que ele significa”, teoriza.

‘A arte só tem sentido quando ajuda você a viver’, prega o cineasta

Para provar que o cinema é um bom negócio, Oliveira cita o próprio Festival de Paulínia, que distribui R$ 800 mil em premiações. “Estou querendo saber se vou levar algum, pois disso depende a minha velhice”, brincou.

Domingos só não gosta de ter filme classificado como “de arte”, simplesmente. “Arte é muito conotado, ligado à aristocracia. Deveriam banir essa expressão e substituir por filme útil. A arte só tem sentido quando ajuda você a viver”, avalia.

No dia que o diretor carioca será homenageado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, serão conhecidos os vencedores do troféu Grande Otelo, instituído pela Academia Brasileira de Cinema há 13 anos.

“Faroeste Caboclo”, de Rene Sampaio, e “Serra Pelada”, de Heitor Dhalia, lideram as indicações com 13 menções cada um. “Flores Raras”, de Bruno Barreto, recebeu 12 indicações, seguido da comédia de Halder Gomes “Cine Holliúdy”, que concorre a dez prêmios.

Também disputam “O Som ao Redor” (de Kleber Mendonça), “Tatuagem” (Hilton Lacerda), “Somos tão Jovens” (Antonio Carlos da Fontoura), “O Tempo e o Vento” (Jayme Monjardim) e “A Luz Do Tom” (Nelson Pereira dos Santos).
 

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