O “arraial de Sant’Anna das Lavras do Funil”, fundado no século XVIII e transformado em cidade no ano de 1868, foi povoado após o surto de febre amarela que assolou o Brasil no fim do século XIX. 

Na época, paulistas ligados ao Presbiterianismo se transferiram de Campinas, onde a doença matou 3% da população, para o Sul de Minas. Em meio à mata do cerrado, nas proximidades do Rio Grande e no clima tropical, eles se instalaram em Lavras, onde fundaram um dos institutos educacionais renomados da cidade, o Gammon – outro foi o Kemper –, e a Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal), berço da Universidade Federal de Lavras (UFLA). 

O município, hoje com cerca de 100 mil habitantes e outros 10 mil “flutuantes”, composto por universitários, passou do ciclo do ouro a produtor de café, leite e derivados, e, nos últimos 50 anos, alcançou o status de pólo industrial e de serviços, com expressivas empresas dos ramos de transportes e de autopeças, como a Expresso Nepomuceno e a antiga fábrica da Cofap, hoje Magneti Marelli. 

A diretora administrativa da Expresso Nepomuceno, Tânia Mara de Souza Castro, lembra que a empresa de transportes e logística, que tem como alguns dos principais clientes a Fiat, as Tintas Coral e a Basf, instalou-se no Distrito Industrial de Lavras depois do fundador e presidente da empresa, Agnaldo de Souza, ter comprado o primeiro caminhão em Nepomuceno, há 54 anos, e ajudado na construção e estruturação da antiga fábrica da Cofap, logo depois de lançada sua pedra fundamental.

“Nosso primeiro cliente expressivo foi a Cofap e daí fomos deslanchando. Hoje, temos 3.500 funcionários de Norte a Sul do país, criamos 600 empregos apenas em Lavras e região. Temos uma política para o desenvolvimento regional, agregamos valor e somos um dos maiores geradores de renda para o município, com o emplacamento dos veículos”, afirma Tânia.

Futuro, com novas empresas, é promissor

O assessor especial de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Lavras, Hélio Teixeira Filho, sinaliza para o “futuro promissor” da cidade, com a viabilização de um novo Distrito Industrial, anexo ao que existe hoje. “Mas estamos sinalizando também para o futuro com o Parque Tecnológico da Ufla, a fim de incubar empresas de tecnologia e atrair novas firmas para as margens da Rodovia Fernão Dias (BR-381 Norte)”, diz.
 
O assessor especial de Desenvolvimento Econômico de Lavras, Hélio Teixeira Filho: Distrito Industrial maior (Fotos: Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Uma das “menina dos olhos” da economia de Lavras, a antiga fábrica da Cofap foi vendida para a Magneti Marelli em 1997. A empresa, subsidiária da Fiat, gera 2.130 empregos diretos no município, além dos cerca de 2.300 mil terceirizados.

De acordo com Noé Magalhães, gerente de RH da Magneti Marelli, ela é a maior da cidade em termos de impostos e só fica atrás da Ufla em número de empregos gerados.

Lavras é equidistante de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O nível de escolaridade, alavancado pela Ufla, além dos incentivos do poder público, foram outros fatores que atraíram a empresa. Segundo Magalhães, diariamente, 50 caminhões chegam e outros 40 partem da Magneti Marelli, com 2 milhões de componentes/dia para cada tipo de amortecedor.
 
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Contrapartida social das empresas

Em Lavras, a contrapartida social de empresas como Expresso Nepomuceno e a Magneti Marelli se dá em projetos voltados para a capacitação de mão de obra e estímulo ao esporte. O Expresso deverá inaugurar, até o final de 2014, o Instituto Agnaldo de Souza, para educar crianças carentes e acolher idosos. A Magneti Marelli já formou 200 alunos, nos últimos dez anos, no Projeto Formare, que conta com aulas de introdução à usinagem e de reforço escolar, entre outros projetos. 

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