Óleo de abacate evita desperdício de frutos e diversificação da produção é aposta do produtor

MARIA HELENA DIAS - Especial para Força do Campo
11/11/2015 às 08:47.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:25
 (Adelson de Oliveira Epamig MG/divulgação)

(Adelson de Oliveira Epamig MG/divulgação)

Com a economia brasileira em crise, mudanças climáticas e o déficit hídrico castigando quem depende da natureza para produzir, o melhor mesmo é diversificar a produção, adequar o negócio e buscar novas alternativas que possam garantir e ampliar renda. É exatamente o que está fazendo o engenheiro agrônomo e produtor José Carlos Gonçalves, que decidiu investir em óleo de abacate. Por enquanto, o produto está disponível apenas para experimentação, mas a expectativa é que o óleo de abacate chegue ao varejo em 2016 para disputar a prateleira com o azeite de oliva. José Carlos Gonçalves tem 5 propriedades, sendo 4 delas em Minas Gerais, localizadas nos municípios de São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino e Ibiraci. A outra é em Cajuru, São Paulo. Anualmente, ele colhe 10 mil toneladas de café e 3 mil toneladas de abacates, o que lhe garante o posto de maior produtor de abacates do país. A fruta é produzida de maneira consorciada com o café. “A comercialização de abacates atende ao mercado brasileiro, indo de Porto Alegre a Manaus. Eu vendo as variedades Breda e Margarida, de setembro a dezembro, quando termina a colheita de café e é a entressafra do abacate, quando o preço é melhor”, explica. No entanto, o produtor, que planta abacates há 30 anos, precisava encontrar uma solução para os frutos que não são comercializados. Foi então que passou a estudar sobre a produção do óleo de abacate. “A implantação da indústria de óleo de abacate é para o aproveitamento dos frutos que não vão para o mercado, cada vez mais exigente em qualidade”. As frutas com deformação, manchas escuras na casca ou amassadas, mesmo estando com a poupa saudável, não têm valor comercial.

José Carlos Gonçalves, que pretende comercializar o produto em 2016, diz que já adquiriu alguns equipamentos, inclusive um despolpador de frutos, “todos de fabricação nacional”, para a extração do óleo a frio, mas que ainda não tem ideia do custo total de produção, nem por quanto seria comercializado o óleo de abacate. “Quanto ao investimento total, é difícil calcular nessa fase, mas todos os investimentos estão sendo realizados com recursos próprios”, garante.

Azeitona tropical

Para o produtor, investir na extração do óleo da “azeitona tropical” - chamado assim por ele por considerar o óleo de abacate superior ao extraído da oliva - é o caminho para alcançar o sucesso na comercialização. No ano passado, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), ele realizou a extração de 100 litros de óleo de abacate para testar o maquinário.

Atualmente, João Carlos Gonçalves financia diversos estudos. “Fizemos uma  produção experimental, utilizando equipamento de extração de óleo de oliva. Esse produto está sendo distribuído para experimentação e utilizado para estudos em universidades”, revelou.

“O mercado brasileiro tem espaço para o consumo na alimentação de óleo de abacate de qualidade. Nos Estados Unidos é comum encontrar em supermercados a venda de óleo de abacate, do qual o consumo vem aumentando”, comenta João Carlos.

“A implantação da indústria de óleo de abacate é para o aproveitamento dos frutos que não vão para o mercado, cada vez mais exigente em qualidade”

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