Ocupações comprometem a barragem do Parque do Cardoso

Raquel Ramos - Hoje em Dia
17/12/2014 às 08:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:24
 (Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck/Hoje em Dia)

A estabilidade da barragem do Parque Ecológico do Cardoso, na região Leste da capital, está comprometida. O perigo é provocado por cerca de 40 famílias que, no início de 2014, ocuparam as margens do terreno. Em episódios de chuva forte, alerta a prefeitura, a represa corre risco de romper, despejando até 200 mil toneladas de água, terra e detritos sobre a avenida Mem de Sá, podendo alcançar a avenida dos Andradas.

A ameaça é consequência das escavações para o levantamento de casas irregulares, explica Patrícia de Castro Batista, diretora de obras da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel). Toda a terra já retirada pode entupir a galeria da Mem de Sá, causando refluxo de água, inundações e até desastres maiores, que atingiriam toda a população que mora próxima à barragem.

Além disso, o terreno está mais vulnerável desde que novas moradias foram instaladas no local. Segundo Patrícia, o lançamento de esgoto aliado à supressão da vegetação deixaram vários pontos escorregadios. “Eles não apenas estão em uma área insegura, como também produzem risco a milhares de pessoas”.

Para evitar uma tragédia, a Urbel informou que tenta negociar a saída dos invasores de forma pacífica. No entanto, a prefeitura já aguarda o cumprimento da reintegração de posse, autorizada pela Justiça. De acordo com a Polícia Militar, ainda não há data definida para a ação.

Cientes do problema, os moradores alegam que não têm para onde ir. “Vivo com minha esposa e nosso filho de apenas dois meses. Não tenho condições de pagar um aluguel. O que eles querem? Que eu vá dormir na rua?”, questionou Cleverson Rodrigues da Silva, que está desempregado.

Apesar de temer uma tragédia, ele afirma que o medo maior é ser expulso de onde está há oito meses. “Minha esperança é que me deem um lugar para morar”.

 

Intervenções

Para que a barragem não represente mais uma ameaça, novas intervenções precisarão ser feitas no local assim que as famílias forem removidas. “Várias frentes de instabilidade foram criadas. Após uma perícia, será necessário reforçar a contenção e revegetar o terreno”, informou Patricia.

O coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Alexandre Lucas, adverte que, caso as medidas necessárias não sejam tomadas rapidamente, episódios de enchentes na avenida Mem de Sá e na rua Niquelina podem voltar a ocorrer com frequência, como acontecia no início dos anos 2000, antes da construção da barragem. 

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