A dura batalha do dia a dia para garantir a eleição do candidato

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
30/06/2014 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:12

Política não se faz apenas em agendas oficiais, especialmente na preparação de uma campanha eleitoral. O bastidor de uma disputa pelo voto, no dia a dia, revela o jogo real e agressivo do poder: além da pressão externa sobre a equipe de campanha, que tem a missão de alavancar o nome de seu candidato, há a cobrança interna dos profissionais para mostrar um trabalho que lhes possa garantir um futuro promissor.

Em conversa com a reportagem, assessores políticos, deputados e marqueteiros contaram ao Hoje em Dia situações de estresse de uma campanha de grande porte e os principais pontos para um trabalho eficaz.

Dois pontos fundamentais para uma campanha são a capacidade da equipe de dar respostas rápidas ao serviço de contrainformação da campanha adversária e a capacidade do candidato de convencer o eleitor de que poderá fazer a diferença, com propostas de governo. “Costuma-se contratar empresas, caso não tenha pessoal na campanha, para apurar e levantar tudo o que foi feito no terreno onde se dará a campanha, o que foi prometido, o que ficou para trás”, comenta um assessor do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia.

Outro assessor político que já trabalhou na campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2010 e nas disputas municipais em BH de 2008 e 2012 conta que as “duas pernas” de uma campanha são o marketing político e a assessoria de imprensa, que cuidam, respectivamente, do planejamento e da imagem e relacionamento do candidato com os veículos de comunicação.

O trabalho começa com muita antecedência porque o poder custa caro e uma estrutura montada com a intenção de ganhar uma eleição precisa ser muito organizada. Inicia-se com a procura pelo marqueteiro da campanha, de sua equipe de criação, que vai definir o mote da campanha.

Pela experiência dele, as situações mais difíceis da campanha são lidar com as notícias negativas dos jornais, o ataque dos concorrentes, os prazos das agendas, o atraso dos políticos nos compromissos e a preparação para debates na TV. “Outro estresse são os vídeos maldosos bombando na internet, principalmente os bem-feitos. Isso marca o internauta e se multiplica”.

Para a coordenadora do Observatório das Eleições da UFMG, Regina Helena Alves, o ambiente virtual foge do controle dos candidatos. “As redes permitem que haja um debate que foge ao discurso oficial dos candidatos. Ali, eles não conseguem enfrentar o controverso, a baixaria, os vídeos críticos. Além disso, as equipes de campanha contratam gente para ficar alimentando essas coisas sobre o adversário”, pondera.

Equipe integrada

De acordo com um deputado federal que atua nas articulações para a campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB) e estadual para o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB), um diferencial é ter uma equipe de campanha que conheça o perfil do candidato e que o acompanhe na formação do comitê.

“Na comparação com as eleições majoritárias de 2010, por exemplo, a campanha do Aécio está muito mais organizada que a do (José) Serra. Não é maior, mas o operacional é melhor. A base da equipe em São Paulo está vindo de Minas Gerais”, disse.

Preparação inclui consultores de imagem

O desempenho de um candidato depende ainda dos chamados “precursores”, que compõem o cerimonial ou a área de eventos da campanha. Conectados no rádio ou no celular e correndo contra o tempo, eles devem repassar nas agendas, antes de o postulante aparecer, pontos da exposição do telão, a entrada do candidato, a área da coletiva, entre outras tarefas, e administrar a vaidade do candidato.

Antes da fase de aparições em público tal qual comícios ou programas de debate, os políticos passam por um treinamento feito com preparadores de atores e consultores de imagem para aprimorar aparições na mídia. “É determinante no êxito da imagem e, no caso na eleição presidencial, precisa-de de umas cinco equipes para viajar em cinco ou seis cidades por dia”, conta um assessor político que já prestou serviços para PT e PSB.

Em meio à “guerra judicial” contra propagandas antecipadas dos adversários, a área jurídica torna-se também ponto-chave em uma campanha. Quando não há advogados entre os militantes de um partido, contrata-se um escritório de advocacia que vai monitorar as propagandas eleitorais na TV, as inserções das legendas e as posturas dos nomes da situação e da oposição.

“É um setor muito caro, porque os advogados cobram por hora dedicada ao assunto, mas é de suma importância”, afirma um petista.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por