"Isso aqui é Brasil", diz Adriano Chafik sobre grilagem de terras devolutas

Paulo Peixoto - Folhapress
10/10/2013 às 17:56.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:14
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

Acusado de ser o mandante da chacina de Felisburgo, região do Vale do Jequitinhonha, em que cinco sem-terra foram mortos em 2004, o fazendeiro Adriano Chafik, que é julgado nesta quinta-feira (10) em Belo Horizonte, disse considerar normal o fato de sua família ter grilado uma área pertencente ao Estado, as chamadas terras devolutas (estatais mas sem uso público).  "Isso aqui é Brasil", afirmou o fazendeiro ao juiz Glauco Fernandes, do Tribunal do Júri de Belo Horizonte, ao responder os questionamentos da Promotoria sobre a área da qual teria se apropriado de forma ilegal.   Chafik, que disse ser bacharel em direito, afirmou que quando comprou dos seus parentes a fazenda Nova Alegria, palco da chacina, a área grilada já estava anexada e devidamente registrada no cartório de Jequitinhonha.   "Tudo foi comprado com o aval do Estado", afirmou o fazendeiro. A área grilada foi invadida pelos sem-terra ligados ao MST, que passaram a reivindicar a posse do terreno de 568 hectares - a área total da fazenda tem cerca de dois mil hectares.   Na ocasião do crime, em 20 de novembro de 2004, já tramitava na Justiça um processo do governo mineiro contra Chafik, alegando que 568 hectares da fazenda eram terras devolutas.  O MST afirma que o fazendeiro quis se vingar dessa decisão e por isso promoveu o ataque ao acampamento. Além dos disparos de armas de fogo, 27 casas e a escola que funcionava no acampamento foram incendiadas.    Após a chacina, os sem-terra tiveram autorização da Vara de Conflitos Agrários para permanecer nas terras. A Justiça negou ao proprietário a reintegração de posse da área invadida.    Chafik é acusado dos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, incêndio e formação de quadrilha. O seu capataz, Washington Silva, é acusado dos mesmos crimes. Os dois negam participação. Outros doze réus ainda irão a julgamento pelos crimes, ocorridos há quase nove anos.

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