Empresas já contabilizam prejuízos

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
16/03/2014 às 08:43.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:39
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

DE CAPITÓLIO, FORMIGA E PIMENTA – Se, em Capitólio, a ampliação da faixa de terra que separa a casinha de Osorino Danisete Silva de seus tanques de peixes representa uma ameaça, na Marina Mar de Minas, em Formiga, a extensa área seca já é prejuízo concreto.  A empresa, que serve de garagem e centro de manutenção para 40 embarcações dos mais diversos tamanhos, já enfrenta cancelamento de contratos. A perda de clientes é reflexo do recuo no nível da lagoa. Afinal, se a água não garantir navegabilidade, pagar uma mensalidade que pode chegar a R$ 500 para manter o funcionamento do barco é jogar dinheiro fora. “Principalmente no caso das embarcações menores, os donos preferem levá-las para casa”, diz o o proprietário, José Eduardo Chagas.   A empresa foi criada em 2012, mediante investimento de R$ 800 mil. Além dos financiamentos, o proprietário utilizou todas as economias que juntou enquanto trabalhava na garagem do clube que funciona ao lado, o Furnas Náutico Clube. “Aprendi todo o trabalho e montei meu próprio negócio. Apostei tudo nele”, diz.    Dívidas   O faturamento mensal de R$ 10 mil dá para pagar as contas. Além disso, garante uma vida confortável ao empresário. Porém, ainda não foi suficiente para quitar todo o débito dos financiamentos. Se a empresa parar de funcionar, o prejuízo será enorme. E, de acordo com ele, as expectativas não são nada boas.  Embora ainda seja possível navegar no lago, a distância entre o galpão onde estão guardadas as embarcações e a beira da represa é, hoje, de um quilômetro. Antes, era de cerca de 100 metros. “Todos os dias vou à margem medir o nível. Nos últimos três dias o lago baixou 11 centímetros. Parece muito, mas melhorou um pouco. Na semana passada baixava dez centímetros por dia”, diz.   Queda na receita   Com estrutura de lazer completa e instalado próximo ao Marina Mar de Minas, o Balneário Furnastur também “sofre de véspera”. Atencioso, o gerente do clube, Hasenclever Rodrigues, o Joca, aposta na variedade recreativa para atrair o público. No entanto, ele não esconde a preocupação com o quadro que pode se instalar. “A beleza maior que temos é o lago, né? Sem ele, tem gente que não vem”, comenta. A apreensão também toma conta do Estância de Furnas, na cidade vizinha de Pimenta. No entanto, as expectativas da gerente, Alice Reis, são boas. “Nossa divulgação tem sido eficiente”, afirma. Ainda de acordo com ela, o hotel aguarda o nível do lago voltar ao normal para investir cerca de R$ 500 mil em embarcações e área externa. A área interna foi revitalizada recentemente.   Cadeia de fabricação de barcos desacelera   O lucro das empresas dos municípios atingidos pela seca acompanha a régua que mede o reservatório: está a cada vez mais baixo. E, para salvar os negócios, muitas vezes é necessário demitir. É o caso da Estofados Náuticos, empresa de estofamento com fábrica e showroom em Capitó-lio. Se o nível do reservatório não subir será necessário dispensar funcionários.    Hoje, 30 pessoas trabalham na empresa. A previsão é a de que 50% do quadro seja cortado. A empresa fabrica estofados para lanchas e demais embarcações. É também fornecedora da única fábrica de barcos instalada em Minas Gerais, a Ventura Marine, também localizada em Capitólio.    “Se houver uma redução nos pedidos da Ventura, o que é esperado, vamos ter que dispensar”, afirma o proprietário da Estofados Náuticos, Antônio Sérgio de Freitas. Ele explica que o dinamismo da fábrica de barcos é grande. Por isso, não há estoque de produtos.    O estofamento de decoração, outro ramo de negócios, também foi afetado. Com o lago baixo, as pessoas frequentam menos os luxuosos balneários da região e acabam comprando menos estofados. 

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