Brasil volta a encontrar o Chile, freguês histórico em Mundiais

Wallace Graciano - Enviado Especial
25/06/2014 às 07:48.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:08
 (AFP)

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Se depender do retrospecto do confronto entre brasileiros e chilenos em Mundiais, a torcida mineira já pode preparar a festa para o próximo sábado (28), data em que as duas seleções disputam uma vaga nas quartas de final da Copas do Mundo, no Mineirão. Até o momento, os rivais sul-americanos se encontraram em três oportunidades na história do torneio, sempre em duelos decisivos. Em todas, quem levou melhor foi a equipe canarinho.

O primeiro dos encontros aconteceu na casa dos nossos adversários de sábado. Em 1962, Garrincha e Vavá colocaram a Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo. Em 1998, foi a vez de César Sampaio e Ronaldo desequilibrarem o confronto que valia vaga nas quartas de finais do certame. Já no último Mundial, as duas equipes voltaram a se encontrar nas oitavas de final do torneio, com nova vitória canarinho.

Cada um dos três confrontos tem uma história marcante. Que tal relembrá-las? Entre nessa viagem do tempo conosco.

O anjo irônico

O primeiro encontro entre as seleções em Copas do Mundo foi também o mais importante da história do duelo. No dia 13 de junho de 1962, eram 11 brasileiros contra 76 mil chilenos, que se espremiam das dependências do Estádio Nacional, em Santiago. A expectativa dos donos da casa era grande, já que a equipe andina avançou às semifinais após se classificar em um grupo que tinha Itália, Alemanha e Suíça. No mata-mata, eles deixaram a URSS pelo caminho, graças a um futebol guiado pelo entusiasmo, com alguns toques de técnica.

O Brasil, por sua vez, tinha a base da equipe campeã quatro anos antes e soube se reerguer durante o torneio. Após um início oscilante, chegou com pinta de campeão às semifinais. Tudo graças a Garrincha, que supriu a ausência de Pelé, machucado, e fez o jornal chileno “El Mercurio” perguntar “Garrincha, de qué planeta vienes?” (Garrincha, de que planeta você veio?) depois do jogo contra a Inglaterra, pelas quartas de final do certame.

E não demorou muito para o “Anjo das pernas tortas” mostrar que a pergunta não era em vão e acabar com o entusiasmo os chilenos. Aos nove minutos, abriu o placar, com um chute de fora da área. Mais tarde, ampliou a contagem, de cabeça. Toro, de falta, descontou para os donos da casa, quando a primeira etapa ganhava fim.
 
Na volta do vestiário, Vavá, de cabeça, deixou o seu. Leonel Sánchez, de pênalti, ameaçou uma reação chilena, porém o “Peito de aço” voltou a deixar sua marca e deu números finais à partida: 4 a 2.

O que ficou para a história, porém, foi um lance irresponsável de Garrincha, já no final do duelo. Após ser caçado o jogo inteiro, ele resolveu revidar um pontapé de Rojas. Flagrado pelo árbitro, foi para o chuveiro mais cedo. Sua expulsão, entretanto, não o tirou da final contra a Tchecoslováquia, graças a uma manobra de bastidor que é cercada de teorias da conspiração. Essa, porém, é outra história...

Ave, César

Brasileiros e chilenos chegaram às oitavas de final da Copa do Mundo muito aquém das expectativas. Detentora do título, a equipe comandada por Zagallo não conseguiu convencer na primeira fase, vencendo seus dois primeiros jogos (contra Escócia e Marrocos) e perdendo o último para a Noruega. Ainda assim, avançou em primeiro no Grupo A. O Chile, por sua vez, depositava suas esperanças na dupla Za-Sa, formada pelos ótimos atacantes Iván Zamorano e Marcelo Salas, que eram abastecidos pelo cerebral Sierra. Porém, os andinos não fizeram jus à confiança depositada neles, e seguiram adiante graças à uma improvável combinação de resultados, após empatar seus três jogos.

No dia 27 de junho de 1998, as duas equipes pisaram no gramado do Parc des Princes, em Paris, dispostas a virar a maré. Porém, somente a Seleção Brasileira parecia ter forças para tal. Os comandados de Zagallo responderam aos críticos ao aplicarem sonoros 4 a 1 no rival sul-americano. César Sampaio e Ronaldo, duas vezes cada, balançaram a rede para a equipe canarinho. Salas fez o gol de honra da “Roja”.

Pelo alto e avante

Marcelo “El Loco” Bielsa revolucionou o futebol chileno ao apresentar um estilo de jogo contagiante, baseado em um meio-campo combativo, que também auxiliava três atacantes com alto poder de fogo. Em um moderno 4-3-3, conseguiu resgatar o orgulho andino, ao encarar qualquer seleção do planeta de igual para igual. Menos o Brasil...

Entre 2006, o início da “Era Dunga”, e o duelo válido pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2010, Brasil e Chile travaram cinco duelos. Em todos, a seleção canarinho ganhou com boa margem de diferença. Foram 20 gols anotados e apenas três sofridos.

Tamanha superioridade se devia justamente à diferença no estilo de jogo das duas equipes. O selecionado de Dunga apostava nas bolas aéreas e nos contra-golpes rápidos para matar seus adversários, que eram facilitados pela proposta adversária. Tanto que a superioridade canarinho voltou a se repetir naquele 28 de junho, no Ellis Park.  

O primeiro gol saiu de um escanteio cobrado por Maicon, quando Juan subiu mais que a baixa zaga chilena (o defensor mais alto tinha 1,81 m) para mandar para dentro. Pouco depois, Robinho e Kaká fizeram uma belíssima jogada e deixaram Luís Fabiano na cara do gol para ampliar.

Na segunda etapa, Ramires puxou contra-ataque e tocou para Robinho mandar no canto esquerdo do goleiro. O eterno menino da Vila se tornou o maior carrasco da história das partidas contra a "Roja". Com aquele tento, chegou aos oito gols e igualou Pelé como o maior artilheiro do duelo, marca que tomou somente para ele em 2013.

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