Risco de rompimento de barragem deixa Barão de Cocais em pânico

Malú Damázio
08/02/2019 às 20:44.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:28
 (RIVA MOREIRA)

(RIVA MOREIRA)

A incerteza e o medo de uma tragédia semelhante à ocorrida há duas semanas em Brumadinho, na Grande BH, tomam conta de quem vive em Barão de Cocais e Itatiaiuçu, na região Central do Estado. Depois de serem acordados por sirenes e policiais militares na madrugada dessa sexta-feira, alertando sobre o risco de rompimento de barragens, muitos moradores não querem voltar para casa. Há ainda os que temem deixar os imóveis à mercê de ladrões.

Em Barão de Cocais, o dia foi marcado por tensão. Pelo menos 570 pessoas dos povoados Piteiras, Socorro, Vila do Gongo e Tabuleiro foram levadas para o ginásio da cidade. Lá, se dividiam entre alívio e apreensão. 

Moradora da Vila do Gongo, a doméstica Elizabeth Nogueira, de 61 anos, conta que dormia sem o aparelho auditivo. Ela não ouviu a sirene e foi acordada pelo marido. O casal correu para a mata próxima à residência, só com a roupa do corpo. “Ficamos perturbados, depois vim para a casa da minha mãe e não sei se quero voltar. É um susto muito grande”, diz.

Com o receio de retornar e encontrar a moradia saqueada, o vigia Antônio da Conceição Coelho, de 51, ficou em um ponto mais alto e seguro da cidade observando o imóvel onde mora em Socorro. A família dele está em hotéis. “Fico aqui olhando, com medo de entrarem na construção e me roubarem”.

Mesma apreensão tinha Maurício Pinto Coelho, de 53, dono de um bar na comunidade. Ele tirou os parentes da região, mas também permaneceu no vilarejo. Preocupado, o filho não parava de ligar pedindo para que o pai seguisse para uma das moradias temporárias. “Já não temos nada. O maior problema é irmos embora, a barragem não romper, voltarmos para casa e terem roubado tudo”. 

Outro que estava resistente à saída era o líder comunitário Adil Gonçalves Gomide, de 57 anos. O homem correu para a igreja pedindo ajuda da padroeira Mãe Augusta do Socorro, toda vez que via os vizinhos serem convencidos pela polícia a deixar o local. “Tenho muita fé nela que essa tragédia não vai acontecer. Eles vão esvaziar a barragem e manter nossa história”, afirma.

Reforço

Porta-voz da Polícia Militar (PM), o major Flávio Santiago garante que o policiamento nas áreas evacuadas foi reforçado. Barão de Cocais recebeu apoio de agentes de Itaúna. Já Itatiaiuçu, de Divinópolis.

A tropa faz o patrulhamento e cerca os locais. “Assim como aconteceu em Brumadinho, as pessoas vão, aos poucos, se acostumando com essa necessidade e compreendendo os riscos. Teremos êxito na manutenção do patrimônio dos moradores”, garantiu.

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