Programa pretende proteger olhos d’água em áreas industriais de Contagem

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
08/09/2015 às 07:12.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:40
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Dar visibilidade às nascentes urbanas é o desafio do programa de proteção e revitalização das nascentes em áreas industriais, lançado em Contagem pela Fiemg, Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg), Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Projeto Manuelzão da Faculdade de Medicina da UFMG, Copasa e organizações não-governamentais.

A meta é identificar e preservar as nascentes do maior polo industrial do Estado, que formam a sub-bacia do Córrego Sarandi, o maior poluidor da Lagoa da Pampulha, conforme o Atlas da Qualidade da Água, elaborado pelo Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios da UFMG.

No “horto” do bairro Cinco, na cidade da Grande BH, tomado por leucena e eucalipto (espécies exóticas), a água brota por tubulões de concreto, junto com esgoto e lixo. Mas esse cenário desolador pode mudar com a criação do Parque Linear das Nascentes do Sarandi.

“O parque é viável e representará uma mudança de paradigma: o parque industrial de Contagem trabalhar pela preservação do berço do Sarandi”, destacou o presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Marcos Polignano.

“Queremos somar esforços para mostrar à sociedade que as indústrias não estão inertes. Temos de mudar a lógica de consumidor de água para produtor de água nas cidades”, acrescenta.

Ele pediu um pacto pela preservação das nascentes de BH e Contagem, a ser celebrado pelas duas prefeituras, para identificar, proteger e recuperar as nascentes urbanas, nos moldes do firmado com os prefeitos do Alto Rio das Velhas.

O analista da Gerência de Meio Ambiente da Fiemg, Deivid Oliveira explica que o programa não tem fonte de financiamento. Será trabalho socioambiental voluntário dos empresários em prol do ambiente.

“Técnicos da Fiemg vão fazer o diagnóstico (identificar e cadastrar as nascentes) e as empresas darão a contrapartida da recuperação dessas áreas de proteção permanente (APPs). Fica caro, mas a ideia da Fiemg é expandir o programa para as demais bacias hidrográficas do Estado”, explicou.

Deivid Oliveira afirmou que a maior causa da poluição da água é a falta de tratamento de esgotos. “O saneamento básico existe só para metade da população. A indústria não opera de forma irregular, não lança dejetos, porque é fiscalizada e multada”.

Presidente da ONG Conviverde e conselheira do comitê de bacia do Velhas, Cecília Andrade disse que as nascentes estão debaixo de prédios e em quintais. “Nossos córregos estão todos poluídos. Como cuidar e proteger as áreas de recarga hídrica? Lançar a água nos cursos poluídos não adiantará nada”.

 

Se a invasão de APPs e o lançamento de esgotos em nascentes são uma realidade em muitos bairros de Contagem, bons exemplos também são encontrados.

“Cuidar da nascente não dá trabalho nenhum. Esse lugar é mais importante que outras áreas da empresa”, afirma o diretor da Minas Jato, Leandro Henrique dos Santos Luciano.

Ele explica que há seis anos está fazendo o possível para preservar a nascente, desde que alugou o galpão no Cinco. Um dos compromissos foi o de preservar o local. “Cercamos a área com tela e fizemos no galpão uma bacia de contenção para evitar que óleo, tinta e graxa caiam no olho d’água”.

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