Americano Willie Walker se apresenta neste sábado em festival na Autêntica, em BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
20/02/2015 às 08:35.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:05
 ( Doug Knuston/)

( Doug Knuston/)

Depois de o rock e o jazz firmarem espaço em casas de shows em BH, é a vez do blues e do soul marcarem presença. A mais recente investida nos ritmos vem de A Autêntica (rua Alagoas, 1.172, Savassi), que promove, nesta sexta (20) e neste sábado (21), o 1º Autêntica Blues & Soul Festival. Na escala de shows, brasileiros e gringos da black music, como o “sobrevivente do soul”, o cantor e guitarrista americano Willie Walker. Ele se apresenta neste sábado (21), às 22h.

Walker começou a carreira nos anos 1960, como a maior parte dos colegas da geração dele: em um grupo de música gospel, o The Redemption Harmonizers. Depois, ingressou no rock’n’roll na banda The Valdons, onde foi apelidado de “novo Little Richard”. Nos anos 1990, com a “Neo Soul”, Walker foi redescoberto.
Para viabilizar a vinda de artistas desse quilate à capital, Leo Moraes, um dos proprietários da Autêntica, explica que foi preciso aproveitar o bonde de outras agendas no Brasil. “BH ainda é carente de eventos para o blues e o soul; por isso, montamos o festival”, diz.

Desta vez, Walker passa primeiro pelo Nordeste. “Esses nomes vinham para shows em São Paulo, Rio e Curitiba, mas não para cá”, lembra. A intenção é a de que, após o festival, pelo menos uma vez por mês um grande nome da música negra venha para BH, com base no “intercâmbio” musical.

Nesta sexta-feira (20), no mesmo horário, o festival terá a presença do organista austríaco Raphael Wressnig, eleito “artista revelação”, em 2013, pela DownBeat – uma das revistas mais importantes de blues nos Estados Unidos.

Atrações da noite também são os músicos Gustavo Andrade, com forte atuação autoral no blues em Minas, Leo Machaka e Igor Prado Band. Ingressos: R$ 25.

Cativos

Outro endereço que tem se firmado como casa da black music – especialmente de soul e blues – em BH é a Cult Club Cine Pub (CCCP, rua Levindo Lopes, 358, Savassi).

No fim do ano passado, o dono, Frederico Garzon, oficializou as quintas-feiras como datas dedicadas ao soul e ao blues. O público cativo, estima, passa da centena, em pleno “dia útil”. “Estou formando um público. Há uma demanda reprimida para esses ritmos”, observa.
A situação é tão certeira que Garzon montou uma banda, a Bourbon & Ales. “É show para dançar e contemplar. A cena do rock está muito bem, mas a do soul e do blues está sendo formada por aqui”.

O empresário se recorda do auge do soul no Brasil, nos anos 1970, com artistas como Tim Maia, e lembra que nos anos 1980 e 1990, por conta do advento do chamado “rock Brasil”, esses estilos adormeceram. “Não é revival, é uma redescoberta”, esclarece.

Assim como a banda que uniu, Garzon é testemunha de que outros grupos estão se formando em Minas, principalmente de soul.

Banda aposta no autoral e em mistura brasileiríssima

“Em Minas, está sendo criada uma outra forma para a soul music. Há uma leva de bandas fazendo esse som de maneira autoral. O que existe no subúrbio do Rio e São Paulo, geralmente, é o que sobrou dos bailes de soul e funk dos anos 1970”, constata o músico Marcelo Castro, baixista do Silva Soul, de Juiz de Fora. A banda, diz Castro, percorre o país fazendo “o link festival mais casa de show”.

Bem abrasileirado, o grupo se mantém no mercado há pouco mais de uma década. Há dois anos, veio o disco autoral, o “Baile do Silva”, nome de uma festa badalada, regada a soul na cidade da Zona da Mata. Outro álbum, também de inéditas, sai no ano que vem.

Aos 30 anos, é claro que Marcelo não viveu o auge da soul music no Brasil. Mas as referências dos pioneiros do ritmo ele traz aos montes: Tim Maia, Hyldon, Cassiano e o lendário Di Melo, que marcou o soul com uma, até então, inédita pegada nordestina, nos anos 1970. Quando se apresenta em Minas, Di Melo é acompanhado pela Silva Soul.

O som do Silva é o espelho da miscigenação brasileira. O soul é a base, mas o samba, o blues e o próprio rock dão pitacos estilísticos no que produzem.
“É um sincretismo musical. A soul music está muito ligada inclusive ao pop”, diz o baixista.
 

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