Autoridades francesas confirmam pelo menos 129 mortos e 352 feridos em Paris

Estadão Conteúdo
14/11/2015 às 18:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:29
 (MINDAUGAS KULBIS/ASSOCIATED PRESS)

(MINDAUGAS KULBIS/ASSOCIATED PRESS)

Balanço divulgado agora há pouco pelas autoridades francesas informa que os atentados de sexta-feira em Paris fizeram 129 mortos e 352 feridos, 99 dos quais estão em estado grave.

O balanço foi divulgado em entrevista coletiva pele procurador de Paris, François Molins, que acrescentou que “sete terroristas morreram durante a sua ação criminosa”, seis dos quais homens-bomba. Um deles já foi “formalmente identificado”, disseram as autoridades.

As primeiras conclusões da investigação sugerem que “pelo menos três equipes” de terroristas perpetraram os atentados. Eles usaram vários veículos, um dos quais com placa da Bélgica e alugado por um francês. Em dos ataques, o casa de shows Bataclan, onde morreram pelo menos 89 pessoas, os terroristas gritaram frases relativas à Síria e ao Iraque.

Nos seis ataques, foram contabilizadas várias centenas de disparos de calibre 7,62 mm, segundo o procurador, que indicou que os atacantes utilizaram metralhadoras ‘kalashnikov’.

Molins confirmou que foi encontrado um passaporte sírio junto ao corpo de um dos atacantes que perpetraram o ataque ao Estádio de France. Também confirmada foi a informação de que um dos terroristas foi identificado como sendo um cidadão francês, de 30 anos, residente em Courcouronnes, nos arredores de Paris, e conhecido das autoridades por pequenos delitos cometidos entre 2004 e 2006.

As autoridades detiveram hoje de manhã três pessoas, uma das quais na fronteira entre a França e a Bélgica.

Respeito aos direitos humanos pode fragilizar segurança na França, diz professor

A França é um país visto internacionalmente como símbolo da liberdade, da tolerância e do respeito aos direitos humanos. Exatamente por esse motivo é mais vulnerável a ataques terroristas. Esta é a opinião do professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Estevão de Rezende Martins.

Para Martins, a França tem um cuidado especial com o respeito aos direitos humanos e isso gera fragilidade na segurança do país. “Nos Estados Unidos, por exemplo, eles têm o chamado ato patriótico, que suspende garantias. Isso não acontece na França”, disse.

O “ato patriota” é uma lei dos Estados Unidos, aprovada após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que tem por objetivo reforçar a segurança interna e aumentar os poderes das agências de cumprimento da lei para identificar e prender terroristas. A lei é controversa. Há quem acredite que é útil nas investigações e prisões de terroristas, mas há quem critique por entender que ameaça direitos civis.

Na França, suspeitar que um cidadão tenha relação com agentes terroristas não é razão suficiente para prendê-lo, disse o professor. “Isso cria um entrave para as ações dos serviços de segurança”, explicou.

No entanto, após os atentados de ontem (13), em Paris,, o Conselho de Ministros da França baixou hoje (14) decreto declarando estado de emergência no país com vigência imediata em toda área metropolitana da capital francesa e também na Córsega. O decreto dá poderes à polícia para impedir a circulação de pessoas na capital francesa, permite o acesso à casa de qualquer pessoa cuja atividade seja considerada perigosa, o fechamento provisório de salas de espetáculo e de lugares públicos que reúnam muitas pessoas, o recolhimento de armas e também a realização de buscas administrativas.

Para Estevão Martins, como o atual governo é do partido socialista, há um receio dos governantes franceses em adotar táticas duras de repressão, pois são consideradas bandeiras da extrema-direita. “Mas, para algumas pessoas, o direito às liberdades públicas pode ser interpretado como liberdade demais, principalmente após um atentado como o de ontem”.

Na opinião do professor, depois que a França declarou guerra ao Estado Islâmico e realizou bombardeios na Síria, criou um espaço ideal de ataque. Estevão Martins considera provável que os terroristas sejam cidadãos franceses “e pouco importa a origem, pois ao serem cidadãos, fica mais difícil coibir. “O ladrão não avisa, simplesmente ataca”.

O professor afirmou ainda que a ação foi organizada e “eles certamente tiveram treinamento militar e disciplina armada”. Um dificultador na coerção destes atos, observou, é o fato de que eles têm a ideologia do heroísmo, onde perder a vida não é um problema. “É uma lógica contrária à ocidental, da defesa da vida. Essa lógica não se aplica aos terroristas, que não têm problema em perder a vida. Então eles desconcertam, desarmam o outro”.
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