Mari Paraíba fala sobre metas para o futuro e diz ter se acostumado ao 'posto' de musa

Felippe Drummond Neto
Hoje em Dia - Belo Horizonte
18/10/2015 às 09:47.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:06
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Em apenas três anos, Mari Paraíba viu a vida dar um verdadeiro giro. Após abandonar o vôlei de quadra em 2012, a jogadora posou nua para a Playboy, trabalhou como modelo, tentou a sorte no vôlei de praia, e, ainda, ficou um tempo parada. Em 2014, porém, Mari decidiu que queria mesmo voltar às quadras – e foi aí que a carreira decolou.

Recontratada em 2014 pelo Minas, clube que havia defendido na temporada 2011/12, Mari ajudou o time a terminar na quarta colocação da última edição da Superliga. Individualmente, ela foi a sexta melhor atacante e a oitava melhor passadora da competição, além de ter sido ranqueada entre as 15 melhores sacadoras. Tantos números positivos renderam a ela convocações para a seleção adulta, com a qual disputou o Pan-americano de Toronto este ano, sendo vice-campeã.

Agora, Mari vai encarar uma nova temporada pelo Minas, de olho também numa vaga entre as 14 atletas que vão disputar a Olimpíada do Rio pela seleção. Nesta entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, ela fala sobre tudo isso e também sobre o fato de ser uma musa no esporte.

Qual a sua expectativa para a temporada 2015/16?

A expectativa é boa. Mas tem muito trabalho pra ser feito antes do início da temporada, no final do mês. A equipe é nova, já que mudaram algumas peças em relação à temporada passada e ainda não tivemos muito tempo de treino juntas, pois tinham várias atletas em seleções de base e na adulta, e só tem uma semana que estamos treinando juntas. Mas o Paulo Coco está fazendo um ótimo trabalho buscando atletas jovens com muito potencial.

O Minas mudou muito a equipe. Por que você acha que falta uma sequência de trabalho aqui?

Isso não envolve apenas o clube, depende muito do investimento do patrocinador para a permanência das atletas. Claro que isso não é bom, a equipe perde muito com esse entra e sai de jogadoras. Tínhamos um ótimo conjunto, e tivemos um ótimo resultado, e de repente temos que recomeçar todo um trabalho. Isso demanda tempo e trabalho.

Na última temporada, várias atletas foram contratadas com a temporada em andamento. Acha que este ano a montagem do time foi melhor?

Este ano foi um pouco diferente. O Minas conseguiu montar a equipe até com certa antecedência, mas não tivemos tempo para treinar por conta das convocações para as seleções. No meu caso, por exemplo, só me juntei ao time nesta semana. Por isso, acho que o início do trabalho será igual ao da temporada passada, teremos que ir engrenando durante a competição.

Como você viu a troca no comando do time, com a saída do Queiroga e a chegada do Paulo Coco?

Muda, afinal são técnicos com características diferentes. Trabalhei com o Queiroga em minhas duas passagens aqui no Minas – na primeira ele era assistente técnico. Tinha uma ótima relação com o Queiroga, e acho ele um ótimo treinador, afinal não foi à toa que chegamos em quarto lugar na Superliga. E o Paulo Coco também é um ótimo técnico, com quem também já trabalhei na base do Osasco, onde aprendi muito com ele. Estou muito feliz de ter a oportunidade de trabalhar novamente com ele, dessa vez no adulto.

O que você considera que melhorou após jogar na praia?

Acho que o vôlei de praia me favoreceu em alguns fundamentos. O jogador de praia é muito mais habilidoso que o de quadra, e isso ajuda muito na evolução de um atleta. Mas não sei se ajudou na minha forma de atacar. Mas muito do que eu evoluí, principalmente na compreensão do jogo, foi da areia. Também amadureci muito e voltei mais focada.

Como você avalia a sua passagem pelo vôlei de praia?

Foi ótima. Não me arrependo de ter ido pra praia, nem dos nove meses em que fiquei parada. Foram fases da minha vida, onde eu ainda tinha muitas dúvidas do que eu realmente queria. Acho que essa passagem pelo vôlei de praia só me favoreceu, principalmente na parte física, que lá é muito mais exigida. E também mentalmente, já que quando voltei para quadra era com a certeza de que eu realmente queria estar aqui.

Quais as suas pretensões com a Seleção?

Está sendo um ano maravilhoso pra mim. Quero me manter na seleção, sei que não é fácil, afinal na posição de ponteira a concorrência é muito grande. Mas nada é impossível, cheguei na seleção aos 28 anos, algo que eu não esperava, e agora quero me manter lá o máximo possível. Acho que tenho que continuar fazendo o meu trabalho da melhor forma. Ajudando o Minas a ir bem na Superliga é um ótimo passo para continuar sendo lembrada.

A menos de um ano da Olimpíada, o que é preciso fazer para entrar em uma das vagas de ponteira na seleção?

A gente tem que sonhar alto. O que eu tenho que fazer é continuar me dedicando ao máximo todos os dias. Já estou tentando melhorar meu físico, e nos fundamentos tenho que tentar melhorar sempre, no ataque, bloqueio e no passe. O Minas me dá todas as condições de melhorar todos os dias, e eu tenho que aproveitar para ser recompensada.

Quem você acha que serão as principais adversárias do Brasil pelo ouro?

Acredito que a Rússia e os Estados Unidos serão os principais adversário do Brasil na Olimpíada. Mas algumas outras seleções também podem surpreender. Mas essas duas são as que têm mais condições de brigar com o Brasil.

Qual o seu maior sonho como atleta?

Por tudo que eu estou vivendo, eu espero ser reconhecida pelo meu trabalho e disputar uma Olimpíada.

Você mora em BH há alguns anos. Já se sente um pouco mineira? O que da sua terra você não deixa faltar em casa?

Na minha casa não pode faltar tapioca. Eu troco o pão pela tapioca. Já me sinto bem mineira, adoro Belo Horizonte, me sinto em casa aqui. Inclusive eu já falo “uai”, e quando estou fora daqui o pessoal até me pergunta porque eu falo assim se eu não sou mineira.

Quais os seus hábitos quando está em folga? Onde gosta de ir, o que gosta de fazer?

Adoro ir a cachoeiras, e aqui é cheio de opções, então sempre vou. Também adoro ir ao cinema e ficar na piscina aqui no Minas. À noite gosto de encontrar meus amigos, ir a algum lugar para comer e conversar.

Gosta de futebol? Já escolheu um dos times daqui para torcer? Qual?

Não tenho uma preferência por time de futebol, não. Já fui a alguns jogos aqui. Mas não tenho um time. Quando meu irmão jogou no Sada/Cruzeiro, eu torci pra ele, mas não a ponto de ter um time.

Está namorando?

Não estou namorando, e não penso nisso. Deixo acontecer naturalmente.

O rótulo de musa incomoda?

Não me incomoda mais. Antigamente me incomodava, mas já superei isso. Quando somos novos muita coisa nos incomoda, mas quando vamos amadurecendo ignoramos as coisas que nos incomodam e absorvemos só o que nos faz bem.

É bom ou ruim ser atleta e musa ao mesmo tempo?

Tem o lado bom e o lado ruim, mas as pessoas confundem muito isso. Tanto que um dos fatores que me fez parar de jogar foram comentários que diziam que eu só jogava porque era bonita. Hoje em dia, acho que conquistei o respeito das pessoas pela jogadora que me tornei.

Você recebe muitas cantadas de fãs e torcedores? Como lida com isso?

Recebo alguns falando para eu parar de jogar e casar com ele. Lido numa boa e até dou risada.

Qual foi a cantada mais engraçada que recebeu? E a pior?

Já recebi cantadas escritas, acho até meio brega. Tem uma que o cara escreveu: Eu jogo futevôlei, mas por você eu vou jogar vôlei.

Já rolou alguma proposta de casamento?

Como falei anteriormente, sempre acontece, mas acho que não é sério, até porque eu nunca levei o assunto a sério.

E como é o assédio no próprio meio do vôlei? Algum ou alguma atleta já flertou ou assediou você?

Cada um tem a sua opção sexual e eu respeito, mas nunca aconteceu. As pessoas sabem se você é hetero ou não, e respeitam isso. Por isso, nunca recebi de nenhuma jogadora.

Posar nua mudou alguma coisa dentro de quadra para você?

Dentro de quadra, não. Quando eu aceitei, eu sabia que teriam consequências boas e ruins. Mas sempre tive consciência tranquila do que eu sou, minha família e amigos que são quem importam sabem o que eu realmente sou. E as outras pessoas de fora que pensam diferente nunca me incomodaram.

Você se arrepende? Posaria novamente?

Não sei se eu faria de novo, mas não me arrependo de nada. Tudo que eu faço é consciente. Aliás, o único arrependimento que tenho na minha vida é de ter feito uma tatuagem quando eu tinha 14 anos. (risos)
 

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