Um ‘joyeux anniversaire’ para a eterna diva Brigitte Bardot

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
28/09/2014 às 08:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:23
 (AFP)

(AFP)

  A Brigitte Bardot que encarnou a imagem da mulher independente, sexualmente liberal nos ainda pudicos anos 50. A BB que deixou os sets de filmagens, em 1973, para se tornar uma ferrenha defensora dos animais. O mito que ainda hoje influencia a moda, abrindo caminho para o uso do biquini na praia e para a aposentadoria das meias. Essas várias faces, reunidas, sintetizam uma parisiense ousada, pioneira, rebelde e aguerrida, características que nunca deixaram de acompanhá-la. Mesmo aos 80 anos, completados neste domingo (28), Brigitte Bardot não é simplesmente a musa que levou cinéfilos de todo mundo a se curvarem diante de seu rosto de menina e corpo de mulher.    “Brigitte tinha uma sensualidade natural, muito diferente de Marilyn (Monroe), que era construída. Ao aparecer nua nos filmes e defender os animais, é como se dissesse que é um bicho também, sempre deixando-se à vontade”, radiografa Cris Carneiro, especialista mineira em moda.   Seu jeito atrevido ganhou as páginas dos jornais quando ameaçou abrir mão de sua cidadania se dois elefantes doentes de um zoológico fossem sacrificados. Adriana Araújo, do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais, destaca que essa BB não surgiu após sair de cena. “Estava no auge da beleza quando passou a estender a mão aos animais”.    Após vê-la no cinema, a escritora feminista Simone de Beauvoir concebeu um ensaio (“Brigitte Bardot e a síndrome de Lolita”) enaltecendo a sua ousadia. “Ela apreciava a sua espontaneidade, completamente à vontade com a sua nudez”, observa Luiz Nazario, professor de História do Cinema da Escola de Belas Artes da UFMG.   Ela colocou em voga a Repetto e o xadrez vichy   C’est vrai, Brigitte Bardot nunca saiu de moda. Especialista no tema, Cris Guerra assinala que peças de roupa e acessórios adotados por la blonde ainda na década de 50 seguem “completamente atuais”. Entre eles, está o xadrez Vichy, a sapatilha Repetto e o delineador de olhos do tipo gatinho.   “O xadrez virou clássico. Aqui em Minas brincam que é roupa de festa junina. Bobagem. Podem usá-lo sem fazer feio”, analisa Cris, que, fã de Audrey Hepburn, outro mito do cinema, traça semelhanças entre as duas atrizes, como a adoção da calça cigarette e da sapatilha.   “A Repetto é a mais tradicional e cara sapatilha do mundo. Brigitte as encomendou para fazer o filme ‘E Deus Criou a Mulher’. E Audrey fez o mesmo para ‘Cinderela em Paris’, realizados na mesma época”.   No cinema, BB sempre personificou papéis de mulheres sedutoras e fortes, como frisa Luiz Nazario. “Quando começou, era impensável ficar nua em filmes, ainda mais uma estrela de cinema”, comenta o professor, que cita, entre suas principais obras, “O Desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard, e “Viva Maria!” (1965), de Louis Malle.   Na pele de ativista, ela enviou uma carta mal-criada à presidenta Dilma Roussef, reclamando da intenção dos governos cearense e potiguar em exportar mais de 300 mil jegues para a China, para consumo de sua carne. “Para ela, não se trata apenas de animais, mas de estender a mão aos que não podem se defender”, afirma Adriana Araújo, que também defende a causa “des animaux”. (PHS)

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