'Eu acho que se eu não fosse para o céu, tava beirando, pertinho', diz Mânica em depoimento

Alessandra Mendes e Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
29/10/2015 às 19:37.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:16

O fazendeiro Norberto Mânica, não apenas se isentou da culpa pelo crime, como também chegou a conjecturar qual seria seu destino, ao ser perguntado pela acusação se achava, com base na sua fé, se iria para o céu, inferno ou purgatório. "Eu acho que se eu não fosse para o céu, tava beirando, pertinho".

Sobre como avaliava o trabalho do fiscal Nelson José da Silva, morto com outros três colegas de trabalho, Mânica não poupou elogios à vítima. "Excelente. Era duro, mas leal. Ele dava multa até para benefício. Falava que ia multar para que você arrumasse as coisas. Fazia as coisas corretas e era gente boa, vou falar a verdade, gente boa", disse o fazendeiro.

Religião

Questionado pelo Ministério Público Federal (MPF), Mânica se alterou a falar sobre sua religião. Disse que Hugo Pimenta, réu e delator do caso, queria que ele mudasse de religião, o que ele não fez.

Neste momento ainda mostrou um terço que segurava em uma das mais, segundo o fazendeiro, desde o início do julgamento na última terça feira (27).

O fazendeiro alegou não conhecer os executores do crime, a não ser no período em que esteve preso. Sobre Hugo, disse que não o considerava seu inimigo, mas que suas atitudes, de apontá-lo como como mandantes dos crimes, estavam o estranhando.

"Eu acho que ele mudou de cabeça depois disso (gravação feita de um diálogo dos dois), mas não estou ciente se ele é inimigo ou não é", afirmou Mânica.

Chance de Mânica sair preso do plenário é quase nula

Mesmo se for condenado hoje pelo júri popular, é praticamente nula a possibilidade de o fazendeiro Norberto Mânica, acusado de ser um dos mandantes da Chacina de Unaí, sair preso do plenário da Justiça Federal em Belo Horizonte.

A projeção é do criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor de Norberto. O jurista Luiz Flávio Gomes, de São Paulo, tem a mesma opinião. “Quem responde em liberdade tem o direito de recorrer em liberdade”, afirmou Kakay.

“Essa é a regra. A exceção é se o juiz tiver algum motivo concreto para mandar prender já. Não havendo nenhum motivo, como por exemplo, suspeita de fuga do país para o exterior ou de coação de testemunhas, o réu tem o direito de recorrer da decisão de primeira instância livre”, explicou Luiz Flávio Gomes.

Norberto e o empresário cerealista José Alberto de Castro, acusado de ser o intermediário entre os mandantes e os pistoleiros, respondem pelo crime de homicídio doloso qualificado (multiplicado por quatro).

Tanto Kakay quanto Gomes salientam que o direito de responder em liberdade em condenação de primeira instância foi pacificado em entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Constituição Federal.

Gomes cita o caso do empreiteiro Marcelo Odebrecht, que teve a prisão preventiva mantida pela operação “Lava Jato”, como exemplo de tentativa de atrapalhar as investigações da Polícia Federal (PF).

Mesmo preso, Odebrecht mandou um bilhete para o advogado dele determinando a destruição de e-mails. Após quatro dias de trabalho, a expectativa é a de que o júri termine na sexta-feira (30).

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