Café nacional ainda sofre com fama de má qualidade

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
19/09/2014 às 07:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:15
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

Apesar de a projeção da produção de café no Brasil ter subido de 44,6 milhões de sacas para 45,1 milhões, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o produto ainda não conseguiu se livrar da má fama de ter baixa qualidade.   Especialistas que participaram dos fóruns da Semana Internacional do Café, no Expominas, reconhecem que, no passado, o café brasileiro era um dos piores do mundo. Hoje, há plantações que oferecem alguns dos melhores grãos do mundo, mas a reputação ruim não foi desfeita.   “O Brasil ainda carrega a fama de uma baixa qualidade do passado. Somos os maiores produtores de café do mundo, mas apenas 10% são de alta qualidade. O problema é que, para se chegar a um nível de excelência, são necessários investimentos elevados, com irrigação, processamento, embalagem, contratação de pessoal qualificado, dentre outros gastos que, para uma grande parcela de produtores, não é viável”, explica o responsável pelos departamentos de Marketing e Comércio da produtora Daterra, Gabriel Moreira.   De acordo com Moreira, falta profissionalismo no plantio. “O produtor deixa o café à mercê da natureza. Em um ano ele tem um bom volume de chuva, uma boa floração que lhe garante uma safra de nota elevada no mercado de cafés especiais (que são aqueles que não são tabelados como commodities e vendidos em leilões). No não seguinte, fatores climáticos não colaboram e o resultado é um produto de qualidade inferior. Essas oscilações geram desconfiança dos torrefadores no exterior”, observa Moreira. Ele afirma que muitos rótulos brasileiros são reconhecidos, mas, de maneira generalista, a imagem é negativa.   O diretor da Prove Café, Rafael Marques, que presta assessoria para produtores de cafés especiais, o Brasil não consegue melhorar a imagem do produto por falta de instrumento governamental de monitoramento.   “Nosso café é superior ao colombiano, mas o café deles é considerado o melhor do mundo porque há um trabalho pesado do governo, que possui um órgão que acompanha os índices de satisfação nos mercados para onde exporta e ajuda a direcionar os cultivadores”.     Xícaras de ouro   No entanto, cafés especiais que são disputados por torrefadores e cafeterias dos Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália já são realidade no Brasil.   Hoje há casas que oferecem bebidas de diferentes grãos, blends, com denominação de origem e certificações como dos grandes vinhos franceses. Segundo o barista Fernando Santana, não é possível comprar esse tipo de café para preparo caseiro.    “O café especial é vendido verde. Ele é torrado pouco antes de ser moído e preparado na cafeteria. Uma saca de 60 quilos de alto padrão de qualidade pode custar até R$ 8 mil. Uma xícara não vai custar R$ 2,50, varia entre R$ 9 e R$ 12”, explica Santana. Ele afirma que o mercado de cafés especiais tem crescido, em média, 15% ao ano, contra 2% daquele cafezinho da padaria.

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