Queridinhas nos guarda-roupas das mulheres, as combinações em tom sobre tom deixam de ficar restritas ao universo da moda e migram para a decoração. Prático, versátil e democrático, o degradê suave, que vai de uma nuance a outra sem causar incômodo visual, é um trunfo e tanto para quem quer criar um ambiente bonito, charmoso e atemporal.
O segredo é ter cuidado para que os espaços não fiquem sem graça, monótonos. A dica? Mesclar texturas e materiais – observando se há sintonia entre eles – ou ainda acrescentar pequenos pontos de cor em objetos decorativos, que podem ser substituídos com mais facilidade e sem investimento tão alto.
“Se a gente trabalha uma paleta com menor variação de cores e cria um ambiente mais neutro, ele se torna mais versátil e não sai de moda. As cores podem ficar por conta dos detalhes e isso é muito legal”, ensina a arquiteta Estela Netto.
Adornos, obras de arte e roupas de cama nos mesmos tons utilizados no mobiliário e nas peças maiores – como tapetes e cortinas – são sugestões para os quartos. Na cozinha, eletrodomésticos coloridos cumprem bem a função do toque de cor. “Para cada ambiente há uma forma de “quebrar” a paleta do tom sobre tom”, reforça a arquiteta.
Fora conjuntinho!
Combinar materiais e texturas que “dialogam” também faz diferença, garante a arquiteta e designer Ana Lívia Werdine. “Um erro comum neste tipo de composição é usar tons praticamente iguais e o mesmo material em tudo. Um pouco de contraste é sempre bem-vindo. Se faz tudo de camurça cinza, por exemplo, parecendo conjuntinho, não fica legal. Mesclar com um sofá de linho ou até com um couro fica bem mais interessante”, avalia.
De acordo com a arquiteta Carmen Calixto, ao contrário do que se pode imaginar, o tom sobre tom permite o uso de cores vivas e alegres, como o rosa e o lilás. Essa paleta, por exemplo, pode ser usada em degradê nas gavetas de uma cômoda. Estampas também são aliadas interessantes para conferir mais charme ao ambiente. “O tom sobre tom vale para qualquer ambiente. O que dita a forma como será usado é o estilo da pessoa”, afirma.
Charme para o tradicionalHenrique Queiroga/Divulgação
Sala projetada pela arquiteta Carmen Calixto tem fundo neutro em tons de bege e nuances esverdeadas e azuis, que dão charme ao ambiente, integrado à varanda. “Basicamente, partimos do azul e fomos esverdeando o ambiente. Fizemos isso nas almofadas e também no adorno da mesa”, explica a profissional. As cores, mais clássicas, “conversam entre si” e alegram o ambiente, que tem uma pegada mais tradicional.
Aconchego com mix de materiaisHenrique Queiroga/Divulgação
Arquiteta e designer Ana Lívia Werdine utilizou iluminação, acabamento em laca e espelhos para transformar a sala de jantar e o home theater do apartamento em ambientes agradáveis para os donos e aconchegantes para as visitas. Beges, bronzes e amadeirados foram usados em tom sobre tom para criar atmosfera acolhedora e atemporal. A mistura de materiais evitou que a decoração ficasse monótona.
Tons de cinzaHenrique Queiroga/Divulgação
O apartamento pequeno de um jovem solteiro, localizado no Bairro Belvedere, em BH, ficou mais charmoso com os tons de preto e cinza e os traços mais masculinos. Referências feitas pela arquiteta Ana Lívia Werdine a carros e cartoons pontuaram o ambiente da sala, que tem função dupla: estar e home. Para contrastar, as paredes foram mantidas brancas. Mescla de texturas e materiais no sofá, no tapete e cortina conferiram mais elegância.
Estamparia também é bem-vindaDaniel Mansur/Divulgação
A estampa da roupa de cama foi o diferencial do quarto planejado pela arquiteta Estela Netto. O ambiente valorizou os tons quentes: o off white da cortina, o capuccino do papel de parede e os marrons da poltrona e do tapete. Segundo a profissional, cores estimulantes, como o laranja, devem ser evitadas em locais de descanso e relaxamento. “É ter uma série de estampas, mas mantendo a tonalidade escolhida. A decoração fica super rica”, diz.
Casa na moda com greenery
Há mais de 15 anos, a Pantone faz uma previsão da paleta que será sucesso nos meses seguintes e elege a cor do ano. Em 2017, o eleito foi o greenery, um verde vibrante que traduz a natureza, o renascimento e a esperança. Grifes de óculos, roupas e até de calçados já estão investindo no novo hit que, claro, também pode dar o ar da graça na decoração de casa. Rodrigo Tozzi/Divulgação
DISCRETO - Quem tem medo de errar pode colocar a cor do ano em um só detalhe
Apesar de forte e chamativa, a cor queridinha do ano é um curinga, na opinião da designer de interiores Melina Mundim. “Acho super neutra e, mesmo sendo bastante viva, combina com tudo. Não precisa ter medo de usar”.
Combiná-la com tons de azul, rosa e até com o marsala, cor do ano de 2015, que fica entre o marrom e o vermelho, é sucesso garantido.
Em casa, quem está com receio de errar a mão pode apostar nos detalhes como o estofado da poltrona, uma das paredes da sala ou o reposteiro da cortina. Utilizá-lo em estampas também é bem indicado para dar frescor e alegria ao ambiente.