Jornalista responsável pelo NovoJornal é preso por ameaçar testemunha

Patrícia Scofield - Hoje em Dia
20/01/2014 às 19:24.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:28
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

A Polícia Civil cumpriu nesta segunda-feira (20), o mandado de prisão preventiva contra o jornalista Marco Aurélio Flores Carone, responsável pela publicação eletrônica “NovoJornal” e filho do ex-prefeito de Belo Horizonte Jorge Carone (entre 1963 e 1965).   Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, Marco Aurélio seria integrante da quadrilha chefiada pelo lobista Nilton Monteiro, autor da "Lista de Furnas" - relação com nomes de políticos que teriam recebido recursos ilegalmente de Furnas na campanha eleitoral de 2002.    A juíza substituta da 2ª Vara Criminal, Maria Isabel Fleck, que pediu a prisão, afirmou no despacho que a quadrilha movimentou, em cerca de dez anos de atuação, R$ 1 bilhão.   No despacho, afirma que Carone teria agido como o "relações públicas" do grupo chefiado por Monteiro. “Verifica-se que o réu possui uma aptidão em desestabilizar pessoas e instituições com seus ataques levianos e infames, sendo considerado "pioneiro" na "arte" de extorquir via "jornalismo virtual”, informa a juíza.    Nelson Hungria   Monteiro está preso desde maio de 2013 na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, acusado de falsificar documentos e tentar extorquir políticos.   Marco Aurélio foi levado para o Ceresp da Gameleira denunciado por sete crimes: falsificação de documentos públicos e particulares, denunciação caluniosa, fraude processual, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e formação de quadrilha.    Está em fase de negociação com Carone o benefício da delação premiada. Ou seja, ter benefícios penais caso revele quem seriam os financiadores do portal. De acordo com o promotor André Luis Garcia de Pinho, da Promotoria de Justiça de Combate ao Crime Organizado, o site recebia R$ 60 mil por mês de doadores anônimos para funcionar.   Segundo o promotor, a prisão foi motivada pelo fato de Carone ter utilizado o site para tentar coagir testemunhas de um processo de formação de quadrilha e de denunciação caluniosa em que o editor e Nilton Monteiro são réus.   “Com o oferecimento da denúncia pelo MP, a prisão de Marco Aurélio Carone não foi requerida, mas ele mencionou dez das 11 testemunhas de um processo contra ele em um artigo no NovoJornal, com o motivo de intimidar essas pessoas. O site é fachada para a prática de delitos contra a honra”, afirma o promotor. Ele nega que haja políticos entre as testemunhas citadas por Carone no artigo.    Ele próprio se diz “vítima” da quadrilha. “O incêndio do meu carro ainda está em investigação, mas não há dúvida de que existe suspeita sobre essa quadrilha”, pontua André de Pinho.    Entre crimes de injúria, calúnia ou difamação, foram alvos de Carone o secretário de Estado Danilo de Castro (PSDB), o prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB), o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Silveira (PSD), além de empresários e desembargadores    Site do ‘NovoJornal’ deve sair do ar nesta terça-feira   O promotor André Luis de Pinho revela que o processo em que Carone é réu contém 30 volumes de “diversos fatos aparentemente desconexos”. Traz, por exemplo, o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB) como pagador de um recibo dito falso de “caixa dois”.    “A juíza fala de políticos que tiveram sua imagem afetada, difamada, e cita meu nome por um processo há mais tempo e, agora, a verdade está vindo à tona. É o que eu tenho dito: Carone se ligou ao falsário que está preso (Nilton Monteiro), que falsificou minha assinatura. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, confirmou que é falso (o documento)”, afirma Azeredo.    O site do “NovoJornal”, que tem até hoje para ser retirado do ar, de acordo com a Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil e com o MP, citou mais de 100 pessoas, entre membros do Executivo, Legislativo e policiais, usando documentos “em sua maioria falsos”.    Nesta segunda-feira foram apreendidos documentos com mensagens cifradas já sob análise da perícia. O delegado da Polícia Civil Guilherme Santos, da Delegacia de Falsificação, Sonegação Fiscal e Administração Fiscal, conta que a prisão foi às 6h15 desta segunda-feira, na sede do “NovoJornal”, no bairro Cruzeiro.   “Achamos mais de cinco endereços como os residenciais de Marco Aurélio e ficamos desde sexta nessa busca. Ele estava de muletas, após acidente de carro”, diz o delegado.    Carone poderá ficar preso por até 90 dias.   O advogado dele, Hernandes Purifïcação de Alecrim, não atendeu às ligações do Hoje em Dia

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