Aliados na Câmara pressionam Renan por CPI mista

Agência Estado
29/04/2014 às 21:51.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:21

A oposição recebeu o reforço nesta terça-feira de grande parte da base aliada na Câmara, inclusive do presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para pressionar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a instalar uma CPI mista da Petrobras. Ameaçaram levá-lo ao Conselho de Ética e à Procuradoria-Geral da República caso não permita a participação dos deputados na investigação, além de apelar a um novo recurso ao Supremo Tribunal Federal.

Calheiros resistiu e, com o respaldo do Palácio do Planalto e do ministro e correligionário Edison Lobão (Minas e Energia), decidiu adiar qualquer decisão sobre a instalação de uma CPI mista. A reação na Câmara foi imediata. Alves fez três reuniões com a oposição ao longo do dia para discutir cada passo da pressão sobre Renan. Foi ele quem sugeriu incluir nas movimentações os líderes da base que assinaram o requerimento, como o do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que comanda também o blocão que reúne partidos da base rebelados contra o governo.

Apesar das pressões, Renan faz o jogo do governo e tenta ganhar tempo. Marcou para a próxima terça-feira uma reunião com os líderes do Senado e da Câmara para discutir um cronograma de instalação da CPI mista. Confirmou também a disposição de recorrer da decisão da ministra do STF Rosa Weber que determinou a instalação da investigação exclusiva da Petrobras no Senado.

Desde segunda-feira, a cúpula do PMDB do Senado faz reuniões informais para discutir os detalhes das investigações. Em nome do Palácio do Planalto, o ministro Edson Lobão, que almoçou com Renan hoje, pediu que o presidente do Senado não desistisse do recurso, como queriam os aliados no Senado. Embora a avaliação palaciana seja de que o pleno não vai mudar a decisão, valeria a pena "apelar para a sorte" e insistir no instrumento. Em paralelo, Lobão levou o pedido da presidente Dilma Rousseff de barrar a CPI mista.
Na conversa com os deputados, Calheiros justificou a não instalação imediata da CPMI afirmando haver a necessidade de responder às questões de ordem colocadas numa sessão do Congresso, que está agendada para 20 de maio. Somente após isso poderia avançar para a instalação.

O cronograma de Renan foi rechaçado pelos deputados, que ameaçaram a abertura de processos pelo que entendem como descumprimento de decisão judicial. Disseram ao presidente do Senado que acionariam o Conselho de Ética da Casa e a Procuradoria-Geral da República. Lembraram ainda que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, é seu indicado e poderia virar alvo em alguma comissão da Câmara. Ressaltaram ainda que buscariam novamente o STF e teriam grandes chance de conseguir nova liminar da corte, agora sobre a CPI mista.

Tropa

Após anunciar a decisão de recorrer e marcar a reunião com lideranças das duas Casas para tratar de CPMI, Renan mandou que os líderes do Senado indicassem os nomes para a comissão exclusiva na Casa. Aliado do governo, o líder do bloco União e Força, senador Gim Argello (PTB-DF), indicou a si mesmo e o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP). A suplência fica com Eduardo Amorim (PSC-SE), senador que assinou a criação da CPI exclusiva da Petrobrás.

O líder do PT, Humberto Costa (PE), ainda não definiu todos os nomes, mas já adiantou que também vai se autoindicar, e também os senadores Aníbal Diniz (AC) e José Pimentel (CE), que deve ser o relator da CPI. Os quatro nomes do PMDB devem ser definidos amanhã. Embora o líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP) já tenha decidido pelos senadores Álvaro Dias (PR) e Mário Couto (PA) nas duas cadeiras que cabem ao partido, não deve formalizar as indicações ainda, a espera de uma definição sobre a CPI mista.
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