"Somos Tão Jovens", filme que conta a trajetória de Renato Russo, estreia em maio

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
03/04/2013 às 12:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:30

"É curioso como Renato Russo conseguiu transformar em lirismo as impressões mais puras e imediatas dele", observa o diretor Antonio Carlos da Fontoura, na primeira apresentação à imprensa brasileira do filme "Somos Tão Jovens", em Florianópolis, no mês passado.

Esse assumido tom de surpresa está estampado num filme vibrante e de grande poder de identificação com o público jovem, independentemente de não ter vivido a indignação do final da década de 70 – turbinada pela onda punk e pela insatisfação com o governo.

Com estreia em 3 de maio, a cinebiografia sobre o líder da Legião Urbana, um dos mais importantes do cenário BRock, "Somos Tão Jovens" traduz a inquietação da juventude de Brasília, representada também nas bandas Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Plebe Rude.

Prisão

Foi, por sinal, ao lado da Plebe, que a primeira apresentação da Legião aconteceu, em Patos de Minas, no interior mineiro, durante o Festival Rock do Parque, em 5 de setembro de 1982. Esse pedaço da história está presente no filme, como um dos pontos capitais da narrativa.

Primeiro, por marcar uma ruptura de Renato com sua banda anterior, Aborto Elétrico, integrado por músicos que, mais tarde, formariam o Capital. Segundo, porque o show foi seguido de prisão, após Renato cantar "Os PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbana", trecho de "Música Urbana 2".

Filme triste

"Não queria fazer um ‘Cazuza’. Quando comecei a ler sobre a vida de Renato, assumi de imediato que não queria fazer um filme triste sobre uma pessoa doente (Russo morreu em 1996, devido a complicações causadas pela Aids, doença que também vitimou Cazuza, seis anos antes). Queria um filme jovem, sobre um menino que se inventava", salienta Fontoura.

Desejo compartilhado pela mãe do vocalista, Carmen Manfredini, que, no primeiro encontro com o diretor, só fez um pedido: "Só não me faça um filme sobre um roqueiro homossexual e drogado que morreu de Aids. Esse filme eu vi e se chama Cazuza".

Roteiro liga fatos vividos às letras das canções

Antonio Carlos da Fontoura admite: "Não era expert em Renato Russo". O que não o impediu de mergulhar fundo na biografia do cantor, a ponto de tecer conjecturas sobre a opção sexual dele. "Não diria que ele foi homossexual. Foi uma pessoa em busca da verdade dele. Nunca foi um Cazuza, exagerado. Era uma pessoa centrada nele mesmo".

O filme enaltece a dualidade experimentada por Russo no início de sua vida, quando se relacionou com o sexo oposto. O lado gay é menos explícito. "O Renato teve, efetivamente, na transição da adolescência para a idade adulta, duas ou três namoradas, que são fundidas numa pessoa só no filme", afirma.

Dúvidas

Interpretada por Laila Zaid, Aninha surge como figura central para o amadurecimento do cantor. Por focar nesses conflitos juvenis, Fontoura abriu mão em abarcar toda a trajetória do artista, encerrando a narrativa em 1985, quando a Legião grava o primeiro LP. "Queria descobrir quem era esse moleque que falava das dúvidas dele, de meninos e meninas, e sobre não conhecer seus pais".

Fontoura define "Somos Tão Jovens" como uma história de amor. "Muita coisa aconteceu não exatamente como está no filme", avisa. O roteiro linka determinados fatos com a criação das letras. Essa relação pode não ser completamente real, mas ajuda a entrar na mente de Renato e estabelece um ritmo contagiante.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por