Estados é que devem apontar a solução

17/01/2017 às 19:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:27

O governo federal anunciou ontem mais medidas para conter a onda de violência nos presídios do Norte e do Nordeste do Brasil causada pela briga entre facções que atuam em todo o território nacional. Até as Forças Armadas foram colocadas à disposição dos Estados que julgarem necessária a ajuda para conter os insurgentes. 

Até agora, o governo federal anunciou apenas medidas pontuais e de emergência, que devem mesmo serem tomadas no primeiro momento. Mas pelo clima de desânimo dos secretários de segurança pública na saída de reunião ontem com ministro da Justiça ontem para discutir o plano nacional para combater a questão, dá para perceber que, no médio e longo prazos, o governo está perdido, mais uma vez. 

Uma das principais reclamações é que as medidas do respectivo planejamento foram apresentadas, e não, discutidas. O que os gestores esperavam era ouvir uma pergunta simples dos representantes do governo: “o que vocês acham que deve ser feito?”. 

Como responsáveis pela segurança pública e pela maioria dos detentos no sistema prisional, são os Estados é que devem apresentar as demandas e as propostas soluções. São as forças de segurança estaduais que combatem diariamente o crime organizado e são elas que sabem a melhor forma de combate aos bandos. 
Por exemplo, certamente, um governador do Norte prefere que as Forças Armadas atuem na fronteira com outros países, nos pontos onde, reconhecidamente, há rotas de tráficos de drogas e armas, que abastecem as facções, ao invés de colocar o Exército em presídios. 

Mas o que ocorre no Brasil é o contrário do que deve ser. A União define o que é melhor, e quem quiser é que se enquadre. Assim, os projetos já nascem fadados ao fracasso. 

Além disso, solado do Exército não é treinado para cuidar de preso, não faz parte da realidade dele. Se um militar desse se sentir ameaçado por um detento ele vai responder com força para acabar com aquela situação na hora. É para isso que ele é preparado. A presença do Exército nas guaritas ainda poderá servir apenas para aumentar ainda mais a tensão entre as facções e os agentes. 

As atitudes desse governo, em todas as áreas, indicam evidente descompasso entre os gabinetes de Brasília e a realidade do país.

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