Reta final: programe-se para o último fim de semana do FIT-BH

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
26/05/2016 às 18:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:37
 (Divulgação)

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Quem ficou em Belo Horizonte neste feriadão e ainda não foi conferir a programação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte, ainda tem tempo. Em sua reta final, o FIT-BH abriga atrações para todos os gostos.

Dentro da grade de espetáculos, algumas montagens são bastante aguardadas pelo público, como “Os Mercadores das Nações”, da Grécia, um dos representantes internacionais desta edição. Com uma narrativa multimídia, o espetáculo retrata as batalhas entre os mercadores venezianos e os piratas genoveses pela conquista das ilhas Cyclades, no século 12. Em cartaz hoje e amanhã no Teatro Alterosa. 

O ucraniano “Dakh Daughters Band” é outra opção que rola hoje e amanhã, no Teatro Bradesco. No palco sete atrizes, cantoras e multi-instrumentista entoam músicas que se transformam em uma espécie de cabaré com muitos monólogos. Um concerto punk em forma de poema. 

Teatro de Rua
Hoje ocorre a última apresentação da trupe francesa “Acrostiches et Compagnie”. O grupo ocupa a Barragem Santa Lúcia, às 15h, com o espetáculo “Le Cabaret des Acrostiches”. Formado por comediantes, a montagem mescla elementos do circo, da dança e da música para executar números de malabarismo e acrobacias. 

Já o grupo Primeira Campainha, um dos destaques da cena contemporânea de BH, leva para as ruas da capital a peça “À Tardinha no Ocidente”. Inspirado na história política brasileira, cinco atrizes representam as personagens República, Ditadura, Utopia, Anarquia e Monarquia. Por meio de brincadeiras como queimada, a peça faz referência à história da política nacional. Apresentações amanhã, às 16h, na Praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza, e domingo na Praça da Liberdade.


Cinema
Quem prefere a linguagem cinematográfica, a dica é conferir a Mostra MIS/FIT, que traz filmes e documentários que tratam da interface entre o teatro e as artes visuais. As exibições acontecem no MIS Cine Santa Tereza, às 20h, com entrada franca.

Hoje será exibido o filme “A Aventura do Théâtre Du Soleil”, da diretora de teatro e cinema francesa Ariane Mnouchkine. O trabalho apresenta um retrato profundo do Théatre du Soleil e seus compromissos artísticos e políticos na França e no exterior.

Quintal do FIT 
Quem quiser esticar a noite após os espetáculos, basta seguir para o Parque Municipal, onde foi montado o Quintal do FIT. O grande ponto de encontro do festival une arte e gastronomia. Todos os dias acontece uma atração artística diferente à noite. Já passaram por lá os músicos Sergio Pererê, Marcelo Veronez e também o NEGR.A do Coletivo de Negras Autoras. Hoje é a vez do Grupo Armatrux. Amanhã, quem toma conta do espaço é o coletivo Drag Livery e no domingo, o encerramento é com o Samba da Meia Noite. 

A gastronomia fica por conta de diversos food trucks e do Arcângelo Café, famoso bar e restaurante do edifício Maleta. O local funciona das 11 às 17h30 (com entrada gratuita), e das 18 à 1h (por R$ 10 e R$ 5, a meia). Quem levar o canhoto do ingresso de algum espetáculo do FIT, daquela data, não paga para entrar.

“Ultimo ato”
A 13ª edição do FIT teve início na Praça da Estação, no dia 20, e o encerramento não poderia deixar de ocupar outro espaço público da cidade. O “Último Ato” vai acontecer no Viaduto Santa Tereza, neste domingo, das 9 às 17h. Durante todo o evento vai rolar iniciativas como a Feira Orgânica, banca da Editora Javali, Feira de Vinil e outros. Dentre as atrações artísticas está “Clake”, do Circo Amarillo, outro espetáculo aguardado da programação, que resulta em um show de palhaçaria cômica e musical. O FIT se despede, às 17h, com o “Cortejo Corte Devassa”, tradicional bloco carnavalesco da cidade.

 Peça busca os substitutos de Frankenstein na atualidade
Antonia Small / Divulgação

 Outros dois espetáculos que estão nessa reta final do FIT-BH e merecem a atenção do público são o francês “Mary’s Baby – Frankenstein” e o italiano “Toledo Suite”. O primeiro, que acontece no palco do Cine Theatro Brasil, faz uma viagem ao universo de Mary Shelley – escritora britânica e autora da obra “Frankenstein” – e tenta entender qual seria o seu monstro na atualidade. 

Trata-se de uma performance solo, onde corpo, imagens, som e texto constroem uma dramaturgia plural. Sozinha no palco, a atriz Esther Mollo tem apenas uma cadeira, que ocupa o centro da cena, para lhe auxiliar nessa montagem que teve como o ponto de partida uma indagação. “O que imaginaria Mary Shelley se tivesse que escrever seu romance nos dias de hoje? Qual seria o monstro dela (da autora britânica)?”, conta a atriz italiana.

Mollo comenta que a conclusão foi a de que o monstro moderno é um monstro de beleza, perfeito física e moralmente. “Sem imperfeições e defeitos. O contrário da vida, em suma”, elucida ela, que toma essa conclusão como um lugar para importantes reflexões. “O espetáculo coloca em cena uma série de questões ligadas à ética na ciência, tais como: até que ponto é possível ir?”, finaliza. Na peça é utilizado um dispositivo interativo no qual o corpo da atriz interage com imagens fixas e em movimento que incitam a reflexão. 

 Musical
Em “Toledo Suite”, o eclético artista italiano Enzo Moscato leva ao CCBB letras e trechos de própria autoria citando dramaturgos como Brecht e Marguerite Duras. Os escritos compõem um percurso musical que engloba o culto e o popular. Enzo lembra que, no curso dos anos, o espetáculo tem se mantido fiel ao roteiro. “Sou sempre obediente à partitura, rigoroso em relação à regência e à idealização cênica. Se algumas vezes há mudanças, estamos falando sempre de pequenos movimentos”, frisa.Daniela Capalbo / DivulgaçãoDramaturgo Enzo Moscato  

Desafiado a citar alguma música como a sua preferida, Enzo diz que está ligado a cada trecho que interpreta como se fossem filhos. Aproveitando a vinda para BH, ele lança a publicação “Degolarratos”, hoje, às 18h no Centro de Referência da Moda. Trata-se de uma peça encenada poucos anos após o terremoto de Irpinia, na Itália, de 1980. Uma metáfora do desmoronamento não apenas físico, mas também humano e social. 

  

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