Vingança atleticana por Toninho Cerezo pode acontecer mais de duas décadas depois

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
11/06/2016 às 18:39.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:51
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

No ano de 1994, o Atlético resolveu investir alto na formação de um time cheio de estrelas, como Renato Gaúcho, Neto, Gaúcho, Luiz Carlos Winck e Adilson, entre outros, que ficou conhecido como SeleGalo. Naquela época, a cereja do bolo pretendida pela diretoria alvinegra era o volante Toninho Cerezo, revelado no clube e um dos maiores ídolos da história. Mas numa disputa com o rival Cruzeiro, acabou perdendo o jogador, que foi para a Toca da Raposa.

No programa "Bola da Vez", da "ESPN Brasil", Toninho Cerezo disse que causou insatisfação no Atlético o fato de ele, antes de acertar com qualquer um dos lados, ter ido jantar com pessoas ligadas ao Cruzeiro. O fato fez a diretoria atleticana esfriar as investidas, imaginando que ele já estava apalavrado com o rival.

"Eu iria para o Galo. Estava tudo certo.  Aí um amigo de família, que é cruzeirense, chamado Emílio Brandi, sobrinho do Felício (histórico ex-presidente da Raposa), me chamou para conversar. Porque quando eu estava no Galo e tinha o clássico, a minha mulher, Rosa, ficava lá na casa do seu Felício Brandi. Marcamos num local público para não ter problema. Fomos no restaurante, eles fizeram a proposta. Mas eu disse que iria assinar com o Galo hoje à noite, não tem como eu assinar com eles", disse Toninho, à ESPN Brasil, complementando com o desfecho inesperado da história:

"Quem chega no restaurante? O presidente do Atlético. Ele chega e senta numa cadeira próxima e fica olhando para gente. Notei que ele fez isso como um afronto. Mas continuei conversando. Falei o que tinha que falar, levantei e nem cumprimentei ele. Passei e fui embora. Chegou à noite ele me acusou de estar acertando com o pessoal do Cruzeiro, que isso é uma atitude incorreta minha. Eu falei 'tá bom, não querem? eu vou embora'. Tanto que eu não assinei com o Cruzeiro logo depois disso. Passou um tempo, eu comecei a ficar p..., achei que tinha sido uma grande sacanagem. Eu não discuti contrato, nada, não estava preocupado com dinheiro. Queria acertar com o Atlético, minha vontade era encerrar a carreira no Atlético", concluiu.

A estreia de Toninho Cerezo com a camisa do Cruzeiro aconteceu em 6 de março de 1994, no clássico contra o Atlético, pelo Campeonato Mineiro. O Mineirão recebeu mais de 70 mil pessoas naquela tarde chuvosa de final de verão e o ídolo atleticana vestido de azul era a maior atração.

Mas quem roubou a cena naquela tarde, embora Toninho Cerezo tenha feito uma grande partida, foi o jovem atacante Ronaldo, então com 17 anos, que tinha subido para o time principal do Cruzeiro no ano anterior. Com grande atuação, ele marcou os três gols na vitória cruzeirense por 3 a 1. Além disso, o clássico ficou marcado por uma sequência de dribles que o Fenômeno deu no zagueiro uruguaio Kanapkis, uma das estrelas contratadas para a formação da SeleGalo.

"Sabe como foi a minha estreia? Contra o Atlético. Teve o clássico e os volantes (do Cruzeiro) todos machucaram. Então, eu estava me preparando para entrar e os caras pediram para eu ir jogar. Eu entrei. E com o Ronaldo lá na frente, ele era uma coisa assim, voava, só via a fumaça. O que eu tinha de bom? O meu lançamento. Então era uma teta. Falei para ele: 'traz o zagueiro, pede a bola na frente e eu vou lançar nas costas, porque fiz isso com o Reinaldo'. Não deu outra. Ganhamos o clássico, campeão mineiro e o pessoal do Atlético queria me matar", lembra Cerezo.

Agora a história se repete. Pretendido por Atlético e Cruzeiro, onde jogou entre 2004 e 2005, mas o suficiente para se tornar ídolo da torcida, que não cansava de pedir a sua volta nos jogos contra o Fluminense, Fred optou pela Cidade do Galo. E estreia com a camisa alvinegra neste domingo (12), justamente contra o maior rival atleticano.

Os alvinegros, que serão maioria no Independência, vão ao estádio torcendo para que a história de Toninho Cerezo seja repetida por Fred, com estreia diante do rival onde foi ídolo e com vitória. Os cruzeirenses, que têm direito a pouco mais de 1.800 ingressos, aguardam diminuir a frustração pela "perda" do matador com os três pontos.

A ESTREIA DE CEREZO

CRUZEIRO 3
Dida; Paulo Roberto, Célio Lúcio, Luzinho e Nonato; Douglas, Toninho Cerezo e Luiz Fernando (Rogério Lage); Cleison, Ronaldo e Roberto Gaúcho. Técnico: Ênio Andrade

ATLÉTICO 1
Humberto; Luiz Carlos Winck, Kanapkis, Adilson e Paulo Roberto Prestes; Éder Lopes, Valdir e Neto; Renato Gaúcho, Reinaldo (Gaúcho) e Darci (Éder). Técnico: Valdir Espinosa

DATA: 6 de março de 1994
LOCAL: Mineirão
MOTIVO: Campeonato Mineiro
GOLS; Ronaldo, a 1 e 6, Paulo Roberto Prestes, aos 16, e Ronaldo, aos 39 minutos do segundo tempo
ARBITRAGEM: Márcio Rezende de Freitas, auxiliado por José Eugênio e Marco Antônio Martins
CARTÕES VERMELHOS; Cleison (Cruzeiro); Éder e Gaúcho (Atlético)
PÚBLICO: 68.801 pagantes
RENDA: CR$ 311.846.500,00

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