A disputa pela água de um rio

Hoje em Dia
23/03/2014 às 07:25.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:48

Foi comemorado neste sábado (22) o Dia Mundial da Água, criado em 1992 pelas Nações Unidas para destacar a importância da água para a vida de todos os seres vivos. O Hoje em Dia, ao trocar para azul a cor de seu nome na edição de sábado, teve o mesmo objetivo. Neste ano, a questão da água é especialmente notável para os mineiros.   Minas vem enfrentando escassez de chuvas. O verão, período em que mais chove no Estado, terminou sem a tradicional “enchente das goiabas”, no dia de São José.   Nossos cursos d’água e lagos estão extraordinariamente vazios, para este mês. Isso pode afetar a produção de energia nas hidrelétricas localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Deve chover em março apenas 63% da média histórica nessas regiões importantes para o sistema elétrico do país.    Não é apenas essa produção que se acha ameaçada. São Paulo vive o drama do provável racionamento de água para a população de vários municípios da Região Metropolitana.    E isso pode provocar um conflito que, se é comum entre muitos países onde a água é escassa, não tem ocorrido no Brasil com seus vizinhos. Mas que agora pode azedar as relações entre dois Estados, São Paulo e Rio de Janeiro, com reflexos em Minas. É a disputa pelo uso da água do rio Paraíba do Sul que banha os três Estados.    Segundo o presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul (Ceivap), Danilo Vieira, que é também secretário-adjunto de Meio Ambiente de Minas, existe há mais de cinco anos um diálogo entre os três Estados visando à transposição de águas do rio para o sistema Cantareira, que abastece a capital paulista e sofre níveis recordes de falta de água.   O diálogo foi atropelado com a decisão do governador Geraldo Alckmin de ir à presidente Dilma Rousseff para pedir que a transposição seja autorizada. Para isso, teria superestimado em até 15% a quantidade de água disponível no rio.   Uma ex-presidente do Ceivap, Marilene Ramos, disse que pesquisa do Comitê apontou que já há falta de água para atender às vazões mínimas estabelecidas pela Agência Nacional de Águas para o Rio, de 190 mil litros por segundo.    Independentemente de como será resolvida essa questão, de modo a prejudicar ao mínimo o abastecimento da população das duas maiores cidades brasileiras, ela é uma demonstração evidente de que a água não pode ser deixada em segundo plano, no Brasil.    O planejamento deve levar em conta também a previsão divulgada pela ONU, de que a demanda de água para a produção de energia deve dobrar até 2035.   Como atender a isso sem prejudicar o consumidor? Sem obrigá-lo a gastar boa parte de sua renda para pagar pela água e pela energia. A solução é reconhecidamente difícil, pois envolve questões ambientais e econômicas, entre outras, mas a complexidade não é desculpa. 

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