Abrolhos enfrenta seu 'pior momento'

Herton Escobar, enviado especial
22/01/2014 às 10:54.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:30

A possibilidade de receber alguns milhões de dólares em investimento deveria ser motivo de alegria para qualquer gestor de unidade de conservação no Brasil. No Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, porém, a carência de recursos humanos é tanta que uma eventual abundância de recursos financeiros se transforma em preocupação.

Localizado no extremo sul da Bahia, com 880 km² de área marinha, o parque tem hoje apenas três funcionários concursados: o chefe, o subchefe e um técnico administrativo. Dois anos atrás, eram cinco. O chefe em exercício do parque, Marcello Lourenço, classifica a situação atual como "o pior momento" da unidade. Na semana passada, ele e outros gestores de unidades de conservação marinhas foram chamados com urgência a uma reunião no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Brasília, com o intuito de fatiar às pressas um bolo de US$ 116 milhões, que deverão ser investidos em áreas protegidas costeiras e marinhas do País nos próximos cinco anos por um programa chamado GEF Mar.

O valor inclui US$ 18 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e US$ 98 milhões em recursos de contrapartida da Petrobrás e do governo brasileiro (US$ 90 milhões da empresa e US$ 8 milhões do ICMBio e do Ministério do Meio Ambiente). A expectativa é de que 11 unidades de conservação marinhas e costeiras sejam contempladas, com o objetivo de proteger pelo menos 5% do território marítimo nacional.

Na reunião, Lourenço e outros gestores receberam planilhas em branco para serem entregues no dia seguinte, com instruções para listar tudo que suas unidades precisavam para operar, "sem limite de gasto". "Como é que eu vou gastar um dinheiro desses se não tenho funcionários?", questiona Lourenço, que conversou com a reportagem em Caravelas, município costeiro da Bahia que abriga a sede do parque. "O governo tem de dar essa contrapartida em recursos humanos." O chefe do parque, Ricardo Jerozolimski, está em férias.

Prioridades

Lourenço entregou ao ICMBio uma planilha no valor de R$ 8 milhões, com necessidades que vão desde a melhoria do centro de visitantes em Caravelas até a compra de equipamentos de vigilância e uma segunda lancha de apoio à fiscalização do parque, que é frequentemente invadido por pescadores da região.

"Já temos uma lancha, mas todo mundo sabe que, no mar, quem tem uma não tem nenhuma, e quem tem duas tem uma", diz Lourenço, referindo-se às dificuldades mecânicas e logísticas de manter uma embarcação funcionando em tempo integral. "Não tem como garantir a segurança de um parque desses com apenas uma embarcação." A lancha fica em Caravelas e é acionada quando um barco é detectado pescando. Leva uma hora para chegar ao Arquipélago dos Abrolhos, a 72 km da costa. O ICMBio foi procurado pela reportagem, mas não respondeu até as 21h desta terça-feira, 21. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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