Dependência da mineração é risco de crise em várias cidades mineiras

Leida Reis - Do Hoje em Dia
02/09/2012 às 07:43.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:57
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

No dia 21 de setembro, a Usiminas Mecânica entrega o primeiro vagão construído na fábrica de Congonhas, região Central. Em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a prefeitura procura terreno para o segundo distrito industrial.
 
Nos dois municípios a economia é dependente da mineração, mas comunidades e agentes políticos buscam alternativas. Afinal, além da exaustão das minas, o preço do minério ameaça de morte a galinha dos ovos de ouro.
 
Mesma sorte não teve Raposos, também na Grande BH. Há 14 anos, é quase uma “cidade fantasma”, nas palavras do secretário municipal da Fazenda, Manoel Alves, que foi empregado da Mina de Morro Velho, da AngloGold. Em maio de 1998, as atividades foram encerradas, ele foi aproveitado na empresa, mas viu boa parte dos 300 colegas serem demitidos.
 
A dependência de uma única atividade econômica foi a sentença de morte para Raposos, que virou cidade-dormitório. O comércio amargou queda de movimento entre 50% e 80%, e a prefeitura teve perda de receita de cerca de 40%.
 
Polo tecnológico
 
O presidente da Associação dos Municípios Mineradores do Brasil, Anderson Costa Cabido, reclama da ausência de políticas de proteção às cidades que vivem no entorno das minas. Prefeito de Congonhas, ele assegura que sua cidade investe em polo tecnológico e de ensino superior, com cursos da Universidade Federal de São João del Rei que não estão ligados aos setores de mineração e siderurgia.
 
“O problema não é só a exaustão das minas. Vem aí uma crise grave na mineração de ferro, com a queda do preço. E nem o governo federal nem o governo do Estado se preocupam com o futuro dos municípios mineradores”, afirma.
 
O ex-secretário estadual de Meio Ambiente José Carlos Carvalho reforça a necessidade de as mineradoras se incluírem na “comunidade” e assumirem parte da responsabilidade pelo futuro dos municípios com o fechamento das cavas.
 
“Até uma grande mineradora pode falir e aí gerar uma herança desagradável. Eu gosto de lembrar que o ciclo do ouro deixou para o país a riqueza do Barroco. O ciclo do ferro deixará o quê?”.
 
Para José Carlos Carvalho, a cadeia de valor da mineração “é curta”, a atividade não incentiva outros setores e o risco da dependência dos municípios é grande. “Como a extração mineral dura muitos anos, cria a falsa sensação de que é uma atividade permanente”.
 
Em Sarzedo, a mineração responde por 40% do PIB, mas o prefeito Marcelo Pinheiro garante que trabalha pela independência econômica da atividade. Para o segundo distrito industrial, já vem recebendo projetos de empresas. “Hoje a mineração ainda é essencial, somos dependentes dela. Mas estamos agindo para mudar isso”. A principal lavra é da Itaminas, em fase de aumento da produção.

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