Chuvas no Sul

Mineira em Porto Alegre relata cenário 'de guerra': presa em casa e sem wi-fi, guarda água 'como dá'

Jornalista Márcia de Lemos mora no 5º andar de um prédio; apesar de estar a salvo, não consegue sair de casa porque a rua está completamente alagada

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
06/05/2024 às 15:56.
Atualizado em 06/05/2024 às 16:19
Márcia e o companheirinho Dom, que está recém-operado e não pode ficar sem medicamentos (Arquivo pessoal)

Márcia e o companheirinho Dom, que está recém-operado e não pode ficar sem medicamentos (Arquivo pessoal)

É pelas redes sociais e em troca de mensagens com amigos que a jornalista mineira e servidora pública Márcia de Lemos, 50 anos, tranquiliza a todos em relação ao momento que vive em Porto Alegre, que está tomada pelas águas do Rio Guaíba, que transbordou devido às fortes chuvas.

Márcia de Lemos encheu vasilhas, garrafas e panelas com água, caso venha a faltar ainda esta semana (Arquivo pessoal)

Márcia de Lemos encheu vasilhas, garrafas e panelas com água, caso venha a faltar ainda esta semana (Arquivo pessoal)

Em uma das postagens mais recentes, ela mostra panelas, garrafas pet e outras vasilhas cheias de água, que ela armazena enquanto o noticiário desta segunda-feira (6) infoma que as chuvas intensas no Estado não estão dando trégua

"A água subiu mais um pouquinho. Mas seguimos com energia e água nas torneiras do meu prédio, o que já é uma benção em Porto Alegre. A água potável, na verdade, será o bem mais precioso nos próximos dias. A água mineral já acabou nos supermercados e 4 das 6 estações da companhia de tratamento de água estão submersas. As duas operantes sofrem para tratar a água turva que chega. Então, todo uso deve ser consciente", relata.

"É uma situação de guerra, muita destruição no Estado inteiro. Tristeza, histórias avassaladoras de gente ainda aguarda socorro", completa.

Entrada do prédio onde mora a jornalista mineira (Arquivo pessoal)

Entrada do prédio onde mora a jornalista mineira (Arquivo pessoal)

Dispensa vazia

A rua onde mora, no bairro Menino de Deus, está inundada por uma água marrom, barrenta. Sem poder sair de casa para compras ou pedir comida por algum aplicativo, Márcia, que mora na capital gaúcha desde 2019, se vira com o que tem na dispensa.

"Não cozinho e não tenho muita coisa em casa. Segue com o que dá".

Outros dois problemas vividos pela jornalista mineira são em relação à saúde dela e do gato de estimação. Os dois foram submetidos a cirurgia recente e precisam de cuidados especiais.

Um vizinho ofereceu um caiaque para eventualidades. Ainda nesta segunda ela pretende pegar o medicamento controlado do pet: no caiaque, conseguirá chegar até a esquina, onde está seco e o motoboy estará a aguardando.

Caiaque oferecido pelo vizinho, caso algum morador precise buscar algo em meio à rua alagada (Arquivo pessoal)

Caiaque oferecido pelo vizinho, caso algum morador precise buscar algo em meio à rua alagada (Arquivo pessoal)

Apesar da situação difícil, Marcia sabe que a angústia pela qual passa é muito menor do que centenas de famílias por todo Estado.

"No meu caso, a falta de wi-fi, a entrega do remédio controlado do gato que fez cirurgia... E, por último, o joelho, que já reclama da ausência de fisioterapia e do excesso de ócio... É o de menos, nem chega perto do que muita gente tem passado", finaliza Márcia de Lemos, que tem viagem programada para o dia 30 - data em que o Aeroporto Internacional Salgado Filho prevê retomar as atividades, que estão suspensas desde a última sexta-feira (3).

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